sábado, 16 de maio de 2009

Leituras... O Gato de Uppsala


Cristina Carvalho escreveu um pequeno, mas maravilhoso livro para pequenos leitores e também para crescidos.
É uma história de uma ternura entre um rapaz e uma rapariga. É uma história sobre o crescimento e as esperanças que todos transportamos. É uma história intemporal que nos dá um retrato encantado da natureza, dos bosques da Escandinávia, do modo de vida e de um gato.
É ainda a história da concretização de um sonho, o seu individual de conhecer um famoso barco, O Vasa, mas acima de tudo o sonho de ser feliz. Um Grande livro
.


«Todos os acontecimentos aqui descritos se passaram há muitíssimos anos mas tudo podia ter acontecido nos dias de hoje, pois Elvis e Agnetta continuam a existir embora com outros corpos, outros rostos, outas roupas, outros hábitos.
Os dias e as noites sucedem-se sempre iguais; as tão esperadas Primaveras surgem com os mesmos sinais - os dias a crescer um pouco, as folhas a aparecer nas bétulas, nas faias e nos pinheiros, flores espontâneas na terra e os pássaros que nascem e renascem e abundam, são milhares, milhões, milhares de milhões. Muitos sobrevivem e muitos mais morrem logo que nascem. Não chegam a conhecer nada de nada. E depois vem o Verão e o ar está muito quente; a lua cheia, quando ilumina num charco de claridade a superfície celeste, é mesmo uma enorme lua cheia. (...)

O mês de Abril deste ano de 1628 estava a acabar. Em breve seria Maio, o tempo ia melhorar, o sol espreitaria de vez em quando rompendo a eterna camada de nuvens brancas do antigo Inverno. A Primavera estava aí! A Festa da Primavera estava aí e todo o povo de Uppsala pronto para a receber! Elvis, o valente caçador de ursos, ia enfim conhecer tudo aquilo que a sua namorada já lhe tinha contado tão ardente e orgulhosamente - a Festa da Primavera. É que lá em Kiruna, onde ele tinha nascido, era diferente o ritual de festejar o aparecimento da Primavera. (...)

Na noite do dia 10 de Agosto de 1628 havia uma lua cheia muito alta e muito branca. Olhando para o céu podia ver-se de vez em quando algumas nuvens esfarrapadas e translúcidas, que iam correndo empurradas pela aragem e que depressa desapareciam. Era uma noite muito clara. Qualquer pessoa podia caminhar à vontade, sem qualquer receio, pois conseguia perceber-se e ver a vida como se fosse de dia. Era uma noite maravilhosa! (...)
Sim, é isso mesmo, reflectiu Elvis. Os nossos sentimentos e os nossos pensamentos têm de voar, voar... têm de ser livres e têm de encontrar o sítio certo para se dar, para se mostrar, para se oferecer

in, Cristina Carvalho, O Gato de Uppsala, Sextante Editora

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