sexta-feira, 1 de maio de 2009

As Mãos, as Operárias do Trabalho


As Mãos


«Com as mãos se faz a paz e a guerra.
Com as mãos tudo se faz e desfaz.
Com as mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade».



Manuel Alegre, «As Mãos», in Antologia Poética
(Imagem, Miguel Ângelo, Capela Sistina em Roma,
in dormentes.blogspot.com)

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