domingo, 24 de maio de 2009

As Eleições Europeias (Porreiro Pá!)


« As elites europeias ainda percepcionam a Europa como o centro do mundo, mas o velho continente é, cada vez mais, um subúrbio esquecido da política mundial. (1)

Há já muitas décadas que, pelo menos nos Países civilizados, a possibilidade de participação dos cidadãos numa comunidade política é um direito e uma garantia das Democracias, sim, mas sobretudo dos Estados de Direito. É esse o nosso pressuposto.

A campanha eleitoral para eleger os deputados ao Parlamento Europeu já começou. Todos percebem que acima do inevitável voto, que muitos milhões irão dispensar, nada real se propõe. Como influencia o voto num ou noutro partido a sua própria acção? Ninguém sabe.

A Europa política não existe. Os seus dirigentes que já a governam quase como um Directório, não discutem o seu papel no Mundo. Pensam ainda na Europa que influencia o Mundo. A Europa não compreende o Mundo onde vive. E não tem respostas. Afasta os cidadãos, não os deixando participar na discussão de tratados importantes. A Europa só discute pormenores. E é naturalmente dominada pelos maiores orçamentos, os que os países mais importantes colocam aos economicamente menos representativos. Há uma real procura de coesão na Europa?

Não, não há. E não há porque não são discutidos os aspectos que poderiam reforçar o equilíbrio regional dentro de cada País. Para os pequenos países o importante não é o Parlamento Europeu, é a Comissão Europeia e o Conselho Europeu. Todos sabem que neste último a representatividade dos países está divida pelo poder dos mais fortes face aos mais fracos. E a Comissão?

Soubemos há dias, nesses momentos únicos de de debate franco e esclarecedora informação que, são os debates quinzenais no Parlamento que, o actual governo irá apoiar a actual Comissão, na figura do sr. Durão Barroso. É um assunto importante.

Ele revela na substância, aquilo que já por outras vezes aqui confirmámos nos ideais da III República, a nossa ideologia, o porreirismo. É um sinal deste qualquer coisa que se faz, sem princípios, sem critérios. É uma marca desta construção social em que os dirigentes não o são por representatividade nacional, são a criação de uma clientela partidária distante da sociedade.

O actual presidente da Comissão Europeia não compreendeu os sinais do momento que a História lhe enviou e insistiu nessa pedagogia da saloiice que foi acompanhar, por acompanhar os mais poderosos. Participou com coragem nesse momento grandioso que foi a invasão do Iraque.

Hoje, num contexto histórico diferente o Partido Socialista insiste no seu nome. Em relação à crise económica actual não lhe conhecemos qualquer ideia transformadora, mas o partido socialista insiste. Nada se propôs para limitar a ganância dos gestores, mas não é importante, o partido socialista insiste no seu nome. Os casos da Enron e da Parmalat não avivaram qualquer cuidado superior na regulamentação. O Partido socialista insiste no nosso compatriota. Qual a fundamentação?

O sr. Durão Barroso é português.«Nasceu aqui, entre o bacalhau e a sardinha assada» (2) e por isso deve ser apoiado pelo actual governo. Se não fosse filho da pátria de Camões o discurso político oficial faria dele um incompetente que não soube traçar caminhos perante o fundamentalismo económico de Wall-Street. Assim não.

É a confirmação que todos esperávamos. O actual primeiro-ministro é um tipo porreiro. Compreende as nuances que faz um homem não entender os momentos da História. Afinal o Presidente da Comissão Europeia é um injustiçado na sua tarefa em negar as ambições nacioanis dos grandes Países e em querer uma União onde os cidadãos são sujeitos a Leis que são convidados a votar.

Devemos estar gratos por esta lucidez de Portugal só acessível a quem sabe ser generoso para com as dificuldades alheias. No fundo só para quem é ternamente porreiro. Ainda bem. O futuro há-de-nos agradecer.

(1) - Henrique Raposo, A Caipirinha de Aron, Bertrand Editora
(2) Vasco Pulido Valente, Público, 19/04/2009
(Imagem, in acores.net)

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