terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Recordar Zeca Afonso



José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro, e morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, em Lisboa.


Vampiros



No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés veludo
Chupar o sangue Fresco da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]

A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas

São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada




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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

12 de Fevereiro - Dia Internacional contra o uso de Crianças-soldado






Segundo dados da Amnistia Internacional calcula-se que ainda existam cerca de 250 mil crianças a serem utilizadas em guerras, num total de 20 países ou territórios por todo o mundo.

A maioria das crianças-soldado tem entre 14 e 18 anos. No entanto, em alguns países começam a ser recrutadas desde os 9 anos. Estas crianças são utilizadas tanto por grupos armados rebeldes como por forças militares dos Estados, obrigadas a utilizar armas e a lutar em ambientes de guerra. Vivem em condições difíceis, com falta de água e comida e não têm acesso à escola ou a cuidados básicos de saúde. Cerca de um terço das crianças-soldado são raparigas. Além de terem as mesmas tarefas que os rapazes, são muitas vezes vítimas de violência sexual. Algumas raparigas são infectadas com o HIV, ou ficam grávidas, tendo de dar à luz num ambiente de conflito armado, sem quaisquer condições – é um atentado contra a dignidade humana e os direitos de uma criança.
Embora o número de crianças-soldado tenha diminuído, há ainda um longo caminho a percorrer: é imprescindível continuar os protestos; é preciso relembrar os Homens e, sobretudo, os líderes políticos de que é seu dever respeitar e aplicar a Declaração Universal dos Direitos da Criança.
É uma obrigação denunciar!

Há muitas crianças cuja voz não se consegue ouvir, cujo grito é silenciado e a expressão de sofrimento é ignorada!

É urgente gritar!

É urgente que se cumpram
os Direitos da Criança!


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Viagem ao mundo do Júlio Verne



A oito de Fevereiro de 1828 nasceu o escritor que viria a ficar conhecido como pai da ficção científica. Júlio Verne, natural de Nantes, França, viria a estudar advocacia tendo, no entanto, manifestado muito pouco apego a essa área; enveredava, pois, pelas letras tendo iniciado a produção artística com vinte anos de idade. Mas o êxito não foi o esperado e tal levou a que se dedicasse à novelística, tendo-se iniciado com relatos de viagens imaginárias que foram publicadas na prestigiada revista da época “Le Musée des familles”. O binómio ciência/letras serviria de mote à sua inspiração. Depressa viu a sua obra reconhecida tendo publicado, entre outras obras, “Le voyage au centre de la terre”, “Le tour du monde em 80 jours” e “Michel Strogoff”.

No auge da sua carreira Verne era o escritor mais lido não apenas na sua pátria mas no continente europeu. As primeiras edições de suas obras esgotavam rapidamente. Amado por uns, contestado por imensos críticos que consideravam a sua escrita meros passatempos sem qualquer valor literário, certo é que a Academia Francesa acabou por lhe dar o devido valor. Foi galardoado com vários prémios, distinguido por várias instituições estrangeiras e francesas e eleito membro da Legião de Honra.

Verne viria a falecer em 1905, na cidade de Amiens, deixando-nos um espólio literário de valor imenso. As suas obras mantêm-se intemporais e nelas podemos constatar o mérito literário do estilo solto e ameno com que redigiu as aventuras, ressaltando uma profunda humanidade. Imaginou máquinas que um dia viriam a ser construídas, viveu aventuras em locais remotos, arquitectou projectos que hoje são uma realidade.

Convidamos os leitores a (re)descobrirem algumas das suas obras existentes na biblioteca escolar, nomeadamente “Viagem ao centro da Terra”, “Uma cidade flutuante”, “Dois anos de férias”, “A ilha misteriosa”, “Um herói de 15 anos” e “20000 léguas submarinas”.

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dia Mundial das Zonas Húmidas - 2 de Fevereiro



As zonas húmidas são dos ecossistemas mais ricos e produtivos do mundo, em termos de diversidade biológica, possuindo grandes concentrações de aves aquáticas, mamíferos, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados. Estes espaços têm associados muitos valores e funções, tais como o controlo de inundações (retendo o excesso de água), reposição de águas subterrâneas, regulação do ciclo da água, produção de biomassa, retenção dos sedimentos e nutrientes, mitigação das alterações climáticas (através da captura de dióxido de carbono da atmosfera e a libertação de oxigénio, com a fotossíntese) e valores culturais, turísticos e recreativos. Desempenhando um papel regulador fundamental em termos dos ciclos hidrológicos e geoquímicos constituem regiões de elevada produtividade (produzem 50 vezes mais que áreas de pradaria e 8 vezes mais que um campo cultivado) e são de importância crucial para a desova. Desempenham, simultaneamente, um papel fundamental no controlo de cheias e inundações e na estabilização da linha costeira.


Além de todos os benefícios expostos, as zonas húmidas são similarmente essenciais na minimização dos problemas ambientais mais significativos, com que nos deparamos hoje em dia: o efeito de estufa e os possíveis efeitos das alterações climáticas bem como a disponibilidade de água doce.


Todavia, as zonas húmidas são ecossistemas sensíveis e encontram-se gravemente ameaçados, a nível mundial, pela poluição, urbanização e industrialização, intensificação da agricultura, pesca e piscicultura, caça ilegal, abandono e transformação de salinas e turismo insustentável.

Em Portugal, foram reconhecidas 12 zonas húmidas, que correspondem a mais de 66 mil hectares de território nacional e que fazem parte da referida lista: Estuário do Tejo, Ria Formosa (Algarve), Paul de Arzila, Madriz e Taipal (Coimbra), Paul do Boquilogo (Santarém), Lagoa de Albufeira, Estuário do Sado, Ria de Alvor, Lagoa de Santo André, Lagoa da Sancha (Litoral Alentejano), Sapais de Castro Marim (Algarve) e Paúl da Tornada (Leiria).

Deixamos aqui uma hiperligação para um panfleto que explica, de forma clara e concisa, a relevância que estas têm a nível planetário:

http://www.icn.pt/dia_mundial_zonas_humidas/brochura_zonas_humidas.pdf


“Há riqueza da Diversidade das Zonas Húmidas: Não a Perca!”
(Frase da campanha do Dia Mundial das Zonas Húmidas em 2005)

Imagem - Dornes, aldeia situada nas margens do rio Zêzere
(captada pela equipa da BECRE)