segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

25 Anos de Partilha


No passado dia 5 de Dezembro a AMI – Assistência Médica Internacional – comemorou o seu vigésimo quinto aniversário. Vinte e cinco anos a ajudar quem tanto precisa.

A AMI é uma Organização Não Governamental (ONG) portuguesa, independente de qualquer ideologia política, sem fins lucrativos. Foi criada no dia 5 de Dezembro de 1984, pelo médico Fernando Nobre, com o intuito de auxiliar as populações em situações de emergência, combatendo o subdesenvolvimento, a fome, a pobreza extrema, a exclusão social e ajudando aqueles que sofrem as consequências de guerras, em qualquer ponto do planeta.
Actualmente, a sua actuação já se estende por dezenas de países, para onde enviou centenas de voluntários, que no terreno gerem o melhor possível as situações, e dezenas de toneladas de medicamentos, equipamentos médicos, alimentos, roupas e outros bens básicos às populações.

E, sabia que existem imensas formas de ajudar a AMI? Passamos, pois, a enumerar algumas delas:

- através dos Impostos: escreva 502 744 910 no quadro 9 do anexo H da sua declaração e doe à AMI 0,5% do seu imposto, sem descontar mais por isso. Pode visionar o vídeo da campanha em http://www.ami.org.pt/default.asp?id=p1p8p36&l=1;
- colaborando com o seu donativo para o NIB 00070015 0027781000979, ou, no multibanco, acendo a “pagamentos de serviços”, digitando a entidade 2009, a referência 909 909 909 e a importância que desejar ofertar;

- efectuando voluntariado, que poderá ser por um período alargado ou mais curto, podendo até ocupar o seu período de férias de forma diferente: contactando com realidades distintas, em países como o Senegal, Guiné-Bissau ou Brasil, em estadias de nove dias, em grupos de doze voluntários monitorizados por dois elementos da AMI. Uma aventura bem diferente onde será possível viver em condições rudimentares, ajudar quem necessita, valorizar aspectos das nossas vivências tantas vezes esquecidos; afinal, relembrando as sábias palavras de Jonh Ruskin, “a maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele mas no que ele nos transforma”. Junte-se aos três mil voluntários, faça parte desta equipa;

E pronto, existem muitas formas de mostrar a sua bondade. Se pretender obter mais informações consulte a página electrónica da AMI.

Nesta época, em que o espírito natalício se aproxima, partilhe com a AMI: qualquer pequena ajuda tornar-se-á muito para quem depende da generosidade alheia. Contribuir para esta causa é garantir que alguém, algures no planeta, terá oportunidades diferentes. Afinal, custa tão pouco…
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O Príncipe Feliz



Na praça central da cidade estava uma estátua de um príncipe feliz.

Um dia, poisou aos pés daquela estátua uma andorinha que ia para o Egipto e que já estava muito atrasada porque tinha convidado um junco a acompanhá-la na viagem. Mas o junco não se podia separar da terra, pois era esta que lhe dava a vida e, apesar do amor que ele sentia pela andorinha, não poderia acompanhá-la.

A andorinha olhou novamente para a estátua e notou que lhe caíam duas gotas pela cara abaixo: eram duas grossas lágrimas.

A ave perguntou ao príncipe por que razão chorava. Este respondeu que chorava pelos pobres da cidade que eram muitos. Ele também contou à andorinha que quando reinava ninguém lhe contava o que se passava e que os altos muros do seu palácio não o deixavam ver nada. Mas, agora, desde que ali estava, já conseguia ver a pobreza e a miséria de muitas pessoas.

Entretanto, o príncipe perguntou à andorinha se ela o queria ajudar. Inicialmente a ave recusou mas perante a insistência do pedido ela acabou por ceder e resolveu ajudá-lo.

Então, o príncipe pediu à andorinha que arrancasse o rubi da sua espada e o levasse ao casebre que ficava ali em frente, onde viviam uns meninos pobres cujos pais não podiam pagar a renda da casa e, por isso, iriam ser postos na rua.

A andorinha assim fez. As crianças que viviam no casebre ficaram muito contentes porque poderiam vender a pedra preciosa e arranjar dinheiro para pagar a referida renda.

Mas estava na hora de partir para o Egipto e a andorinha despediu-se do príncipe. Este voltou a pedir-lhe que não partisse pois continuava a haver muita gente na cidade que precisava de ajuda. Era necessário ir levar uma safira a um escritor que estava muito doente e não tinha dinheiro para pagar os remédios. A andorinha olhou para o príncipe e lembrou-o que a safira era um dos seus olhos – estaria ele interessado em ficar vesgo? No entanto, ele não hesitou e pediu-lhe que levasse a pedra ao escritor. E, assim foi, a andorinha voou e lá foi entregar a jóia ao pobre escritor.

Mas naquela cidade existiam muitas outras pessoas pobres a precisarem de ajuda. A andorinha precisava de partir porque as suas irmãs esperavam por si no Egipto. No entanto, o príncipe ainda precisava de ajuda: era necessário que a andorinha lhe tirasse a outra safira para que ele pudesse continuar a praticar o Bem.

Enquanto o Inverno chegava de mansinho, a andorinha ia ajudando todos os pobres da cidade.
Agora, já nada de valor havia na estátua do príncipe.

Agora, a andorinha não tinha coragem de o abandonar.

Então, o pássaro deitou-se aos pés do seu amigo príncipe e ali ficou…
Mas o frio começava a ser cada vez mais intenso e numa noite gelada a andorinha morreu, tendo deixado o Príncipe Feliz profundamente triste.

A estátua perdera a beleza porque já não tinha pedras preciosas a decorá-la. Então, alguém a levou para uma fundição. Mas, após ter sido sujeita a altas temperaturas, verificou-se que o coração de chumbo do Príncipe Feliz se mantinha intacto. Decidiram levá-lo a um outro ferreiro que também não o conseguiu fundir. Perante isto, o ferreiro decidiu atirá-lo para o lixo.

Curiosamente, o caixote de lixo onde foi deixado o coração da estátua era o mesmo onde se encontrava o corpo da andorinha. Quisera o destino que ficassem juntos.

Entretanto, passou um anjo que recolheu o corpo da andorinha e o coração do Príncipe Feliz. O céu nunca mais foi o mesmo, a andorinha e o Príncipe Feliz viveram eternamente no Jardim do Paraíso ao som das mais belas melodias.
Maria Santos, 5ºC

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Se eu fosse um livro




Se eu fosse um livro gostaria de estar numa biblioteca para poder ser lido e não ser estragado.
Eu gostava de ser um livro de banda desenhada, ou um outro livro engraçado que animasse os leitores.
Quando alguém me pegasse eu ficaria muito feliz porque era sinal que estava a ser lido e se calhar estava a fazer felizes os outros.
Por isso, é importante que não estraguem os livros. Por favor não nos estraguem!

Luís Bernardo
5ºD



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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dia Internacional dos Direitos da Criança


Comemora-se hoje, dia 20 de Novembro, o Dia Internacional dos Direitos da Criança. Não deveria ser necessário existir uma data específica para homenagear estes princípios, pois as crianças deveriam todas nascer, crescer e desenvolver-se num ambiente tranquilo, em que fossem garantidas todas as suas necessidades básicas, permitindo-lhe um desenvolvimento equilibrado e, por isso, feliz e livre.

Quem não conhece uma criança vítima da negligência parental?

Infelizmente a Criança não pode decidir sobre o modelo de família que mais lhe convém; não tem oportunidade de alterar as mentalidades ou comportamentos dos adultos; não se faz ouvir através do seu choro e dos seus gritos porque ninguém a ouve…

Pelo Pedro, pelo João, pela Maria, pela Vanessa, …. e por todos aqueles rostos marcados pelas vivências infelizes do atrevimento cometido ao Ser Criança, recordamos:

Declaração dos Direitos da Criança

Proclamada pela Resolução da Assembleia Geral 1386 (XIV), de 20 de Novembro de 1959.
Preâmbulo

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, a sua fé nos direitos fundamentais, na dignidade do homem e no valor da pessoa humana e que resolveram favorecer o progresso social e instaurar melhores condições de vida numa liberdade mais ampla;
Considerando que as Nações Unidas, na Declaração dos Direitos do Homem, proclamaram que todos gozam dos direitos e liberdades nela estabelecidas, sem discriminação alguma, de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, fortuna ou outra situação;
Considerando que a criança, por motivo da sua falta de maturidade física e intelectual, tem necessidade uma protecção e cuidados especiais, nomeadamente de protecção jurídica adequada, tanto antes como depois do nascimento;
Considerando que a necessidade de tal protecção foi proclamada na Declaração de Genebra dos Direitos da Criança de 1924 e reconhecida na Declaração Universal dos Direitos do Homem e nos estatutos de organismos especializados e organizações internacionais preocupadas com o bem-estar das crianças;
Considerando que a Humanidade deve à criança o melhor que tem para dar,
A Assembleia Geral
Proclama esta Declaração dos Direitos da Criança com vista a uma infância feliz e ao gozo, para bem da criança e da sociedade, dos direitos e liberdades aqui estabelecidos e com vista a chamar a atenção dos pais, enquanto homens e mulheres, das organizações voluntárias, autoridades locais e Governos nacionais, para o reconhecimento dos direitos e para a necessidade de se empenharem na respectiva aplicação através de medidas legislativas ou outras progressivamente tomadas de acordo com os seguintes princípios:

Princípio 1.º
A criança gozará dos direitos enunciados nesta Declaração. Estes direitos serão reconhecidos a todas as crianças sem discriminação alguma, independentemente de qualquer consideração de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou outra da criança, ou da sua família, da sua origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou de qualquer outra situação.

Princípio 2.º
A criança gozará de uma protecção especial e beneficiará de oportunidades e serviços dispensados pela lei e outros meios, para que possa desenvolver-se física, intelectual, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança.

Princípio 3.º
A criança tem direito desde o nascimento a um nome e a uma nacionalidade.

Princípio 4.º
A criança deve beneficiar da segurança social. Tem direito a crescer e a desenvolver-se com boa saúde; para este fim, deverão proporcionar-se quer à criança quer à sua mãe cuidados especiais, designadamente, tratamento pré e pós-natal. A criança tem direito a uma adequada alimentação, habitação, recreio e cuidados médicos.

Princípio 5.º
A criança mental e físicamente deficiente ou que sofra de alguma diminuição social, deve beneficiar de tratamento, da educação e dos cuidados especiais requeridos pela sua particular condição.

Princípio 6.º
A criança precisa de amor e compreensão para o pleno e harmonioso desenvolvimento da sua personalidade. Na medida do possível, deverá crescer com os cuidados e sob a responsabilidade dos seus pais e, em qualquer caso, num ambiente de afecto e segurança moral e material; salvo em circunstâncias excepcionais, a criança de tenra idade não deve ser separada da sua mãe. A sociedade e as autoridades públicas têm o dever de cuidar especialmente das crianças sem família e das que careçam de meios de subsistência. Para a manutenção dos filhos de famílias numerosas é conveniente a atribuição de subsídios estatais ou outra assistência.

Princípio 7.º
A criança tem direito à educação, que deve ser gratuita e obrigatória, pelo menos nos graus elementares. Deve ser-lhe ministrada uma educação que promova a sua cultura e lhe permita, em condições de igualdade de oportunidades, desenvolver as suas aptidões mentais, o seu sentido de responsabilidade moral e social e tornar-se um membro útil à sociedade.O interesse superior da criança deve ser o princípio directivo de quem tem a responsabilidade da sua educação e orientação, responsabilidade essa que cabe, em primeiro lugar, aos seus pais.A criança deve ter plena oportunidade para brincar e para se dedicar a actividades recreativas, que devem ser orientados para os mesmos objectivos da educação; a sociedade e as autoridades públicas deverão esforçar-se por promover o gozo destes direitos.

Princípio 8.º
A criança deve, em todas as circunstâncias, ser das primeiras a beneficiar de protecção e socorro.
Princípio 9.º
A criança deve ser protegida contra todas as formas de abandono, crueldade e exploração, e não deverá ser objecto de qualquer tipo de tráfico. A criança não deverá ser admitida ao emprego antes de uma idade mínima adequada, e em caso algum será permitido que se dedique a uma ocupação ou emprego que possa prejudicar a sua saúde e impedir o seu desenvolvimento físico, mental e moral.

Princípio 10.º
A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Deve ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universal, e com plena consciência de que deve devotar as suas energias e aptidões ao serviço dos seus semelhantes.

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Mês Internacional das Bibliotecas Escolares




Outubro foi o mês Internacional das Bibliotecas Escolares - este ano subordinado ao tema "School Libraries: The Big Picture".
Longe vão os tempos em que a biblioteca escolar era o local onde se armazenavam os livros; quase inacessíveis, lá ficavam, organizados, muito direitinhos, quase que sagrados.

Hoje a biblioteca escolar está marcada pela dinâmica, onde o livro reina mas divide o espaço com os materiais multimédia, informático e audiovisual. Desempenha um papel importantíssimo de apoio ao currículo, planificando as suas actividades e integrando-as nas do plano anual de actividades, como pilar do projecto educativo de qualquer estabelecimento de ensino. É essencial para a realização de metas na educação e concretização dos objectivos de escola, através de um programa planeado onde a satisfação das necessidades dos utilizadores – quer sejam estas em termos lúdicos ou informativos – se torna a sua principal razão de existir. De acordo com estes princípios, a biblioteca escolar deve constituir-se como um núcleo da organização pedagógica da escola, vocacionado para as actividades culturais e para a informação.

A biblioteca escolar fornece um largo leque de recursos, tanto impressos, como não impressos, incluindo o acesso a dados que promovem um conhecimento da própria herança cultural da criança e fornecem a base para um conhecimento e compreensão da diversidade de culturas.

A biblioteca conquistou miúdos e graúdos. Integra a comunidade escolar proporcionando ao público-alvo uma convivência harmoniosa com o mundo das ideias e da informação.

O nosso agrupamento dispõe de duas bibliotecas escolares: o pólo 1, na escola sede, vocacionado para o apoio aos alunos dos 2º e 3º ciclos, e o pólo 2, sediado em Cortegana, cujo fundo documental aposta nas camadas mais jovens.

Já dizia Emily Dichinson “Não há melhor fragata do que um livro para nos levar a terras distantes”. A equipa das bibliotecas escolares deseja a todos boas leituras… muitos sonhos em redor dos livros… grandes viagens… grandes descobertas!...



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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

ASTERIX





Astérix surgiu em França, no ano de 1959, pela mão de Albert Uderzo e René Goscinny.

As suas tiras de banda desenhada estilo BD Franco-Belga transmitem com bastante humor acontecimentos históricos do povo gaulês. São-nos retratadas inúmeras aventuras vividas pelo mundo inteiro e onde é dado especial relevo às lutas entre o bem e o mal, ou seja, lutas entre gauleses e romanos.

Para além de Astérix e Obelix há outros gauleses importantes, personagens essenciais, no desenrolar das histórias: Panoramix (o druida), Abraracurcix (o chefe) e Assarantu.

Um dos passatempos preferidos dos nossos heróis Astérix, Obelix e do seu pequeno cachorro Ideafix são a caça ao javali na densa floresta, nos arredores da aldeia. Depois de uma caçada matinal nada melhor que comer os javalis assados no espeto…

Outra das actividades preferidas dos gauleses é dar uns belos tabefes nos romanos - puro divertimento! Graças à poção mágica do druida Panoramix, tudo isso não passa de uma mera brincadeira.










Uma das bases do humor desta intemporal banda desenhada são os trocadilhos e as aventuras vividas pelos protagonistas. Para aumentar os trocadilhos, todos os povos têm terminações comuns de nomes: os gauleses terminam em -ix (em possível citação a Vercingetorix) e as gaulesas em -a (Naftalina, Iellousubmarina), os romanos em -us (Acendealus, Apagalus, General Motus), normandos em -af (Batiscaf, Telegraf), bretões em -ax e -os (Relax, Godseivezekingos), egípcios em -is (Pedibis, Quadradetenis), gregos em -os e -as (Okeibos, Plexiglas), vikings em -sen (Kerosen, Franksen), godos em -ic (Clodoric, Eletric), e hispânicos nomes compostos (Conchampiñon & Champignon, Lindonjonsón & Nixón).

As línguas estrangeiras têm representações diferentes:
• Ibero: igual ao espanhol, inversão de exclamações ('¡') e interrogações ('¿')
• Godo: escrita gótica (incompreensível para os gauleses)
• Viking: Ø e Å no lugar de O e A (incompreensível para os gauleses)
• Ameríndio: Pictogramas (incompreensível para os gauleses)
• Egípcio: hieróglifos com notas de rodapé (incompreensível para os gauleses)
• Grego: letras rectas, esculpidas.

Parabéns ao gaulês mais famoso do planeta! Meio século de vida e tantas aventuras por desvendar. Já ouviu falar sobre a edição em mirandês?! Não perca também o novo álbum, lançado com o intuito de comemorar a data – “O Banquete”!




Vasco Esteves, nº26, 7ºB


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http://www.universohq.com/quadrinhos/2007/imagens/Filme3_AsterixObelix.jpg
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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Os 100 mais...



A revista “Time” publicou recentemente uma listagem contendo as “100 melhores obras de sempre”. Esta lista foi concebida após uma votação organizada por editores noruegueses e cem escritores de cinquenta e quatro países. Curioso será, a título de exemplo, o facto de o livro “D. Quixote” de Miguel Cervantes, ter reunido mais de cinquenta por cento dos votos: a maioria dos inquiridos considerou a referida obra como a mais importante da história literária contemporânea. É de realçar ainda a proeza do escritor russo Dostoyevsky que colocou nas primeiras vinte e cinco posições quatro das suas obras.


Portugal, também, tem dois títulos nesta listagem, cabendo a Fernando Pessoa e a José Saramago a honra de nos representar com as obras “O Livro do desassossego” e “Memorial do Convento”, respectivamente.



A este propósito veio-nos à lembrança uma obra de Peter Boxall, de seu nome 1001 Livros para Ler Antes de Morrer. Trata-se de um livro imprescindível para os amantes de literatura: um guia cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos - nem mais, nem menos, ajustado à actual lista!


Se calhar era interessante estabelecer a comparação entre as obras que já lemos e as que constam da lista de “obras eleitas.


Tempo…!? Tempo para ler…!?


“Afinal, uma existência com livros será sempre uma travessia menos solitária.”


Eis pois a lista ordenada das melhores cem obras:


1 Dom Quixote Miguel Cervantes (1547-1616) Espanha
2 Things fall Apart Vhinua Achebe (1930) Nigéria
3 Os Mais Belos Contos Hans Christian Andersen (1805-1875) Dinamarca
4 Orgulho e Preconceito Jane Austen (1775-1817) Inglaterra
5 Pai Goriot Honoré de Balzac (1799-1850) França
6 Trilogia: Molloy, Malone está a morrer, O Inominável, Samuel Beckett (1906-1989) Irlanda 7 Decameron Giovanni Boccaccio (1313-1375) Itália
8 Ficções Jorge Luis Borges (1899-1986) Argentina
9 O Monte dos Vendavais Emily Bronte (1818-1848) Inglaterra
10 O Estrangeiro Albert Camus (1913-1960) França
11 Poemas Paul Celan (1920-1970) Roménia
12 Viagem ao Fim da Noite Ferdinand Celine (1894-1961) França
13 Contos da Cantuária Geoffrey Chaucer (1340-1400) Inglaterra
14 Nostromo Joseph Conrad (1857-1924) Inglaterra
15 A Divina Comédia Dante Alighieri (1265-1321) Itália
16 Grandes Esperanças Charles Dickens (1812-1870) Inglaterra
17 Jacques, o Fatalista Denis Diderot (1713-1784) França
18 Berlin Alexanderplatz Alfred Doblin (1878-1957) Alemanha
19 Crime e Castigo Fyodor Dostoyevsky (1821-1881) Rússia
20 O Idiota Fyodor Dostoyevsky (1821-1881) Rússia
21 Os Possessos Fyodor Dostoyevsky (1821-1881) Rússia
22 Os Irmãos Karámazov Fyodor Dostoyevsky (1821-1881) Rússia
23 Middlemarch George Eliot (1819-1880) Inglaterra
24 O Homem Invisível Ralph Ellison (1914-1994) U.S.A
25 Medea Euripides (480-406 A.C.) Grécia
26 Absalão, Absalão William Faulkner (1897-1962) U.S.A
27 O Som e a Fúria William Faulkner (1897-1962) U.S.A
28 Madame Bovary Gustave Flaubert (1821-1880) França
29 Educação Sentimental Gustave Flaubert (1821-1880) França
30 Baladas Ciganas Garcia Lorca (1898-1936) Espanha
31 Cem Anos de Solidão Garcia Marquez (1928) Colômbia
32 Amor em Tempos de Cólera Garcia Marquez (1928) Colômbia
33 A Epopeia de Gilgamesh ---- Mesopotâmia
34 Fausto Goethe (1749-1832) Alemanha
35 Almas Mortas Nikolai Gogol (1809-1852) Rússia
36 The Tin Drum Günter Grass (1927) Alemanha
37 The Devil to Pay in the Backlands Guimarães Rosa (1880-1967) Brasil
38 Fome Knut Hamsun (1859-1952) Noruega
39 O Velho e o Mar Ernest Hemingway (1899-1961) U.S.A.
40 A Íliada Homero (700 D.C) Grécia
41 A Odisseia Homero (700 D.C) Grécia
42 Casa das Bonecas Henrik Ibsen (1828-1906) Noruega
43 O Livro de Job Anon (entre 600 - 400 A.C.) Israel
44 Ulisses James Joyce (1882-1941) Irlanda
45 História Completas Franz Kafka (1883-1924) Rep. Checa
46 A Metamorfose Franz Kafka (1883-1924) Rep. Checa
47 O Castelo Franz Kafka (1883-1924) Rep. Checa
48 The Recognition of Sakuntala Kalidasa (400 A.C.) Índia
49 O Som da Montanha Yasunari Kawabata (1899-1972) Japão
50 Zorba, o Grego Nikos Kazantzakis (1883-1957) Grêcia
51 Filhos e Amantes D.H. Lawrence (1885-1930) Inglaterra
52 Independent People Halidor Laxness (1902-1998) Islândia
53 Poemas Completos Giacomo Leopardi (1798-1837) Itália
54 The Golden Notebook Doris Lessing (1919) Inglaterra
55 Pipi das Meias Altas Astrid Lindgren (1907-2002) Suécia
56 Diário da Loucura e Outras Histórias Lu Xun (1881-1936) China
57 Mahabharata Anon (500 A.C.) Indía
58 Filhos de Gebelawi Naguib Mahfouz (1911) Egipto
59 Os Buddenbrooks Thomas Mann (1875-1955) Alemanha
60 A Montanha Mágica Thomas Mann (1875-1955) Alemanha
61 Moby Dick Herman Melville (1819-1891) U.S.A.
62 Três Ensaios Michel de Montaigne (1532-1592) França
63 História Elsa Morante (1918-1985) Itália
64 Amada Toni Morrison (1931) U.S.A.
65 A História de Genji Murasaki Shikibu Japão
66 Homem sem Qualidades Robert Musil (1880-1942) Austria
67 Lolita Nabokov (1899-1977) Rússia
68 A Saga de Njal (1300) Islândia
69 1984 George Orwell (1903-1950) Inglaterra
70 Metamorfoses Ovid (43 A.C.) Itália
71 O Livro do Desassossego Fernando Pessoa (1888-1935) Portugal
72 Histórias Extraordinárias Edgar Allan Poe (1809-1849) U.S.A
73 Em Busca do Tempo Perdido Marcel Proust (1871-1922) França
74 Gargantua e Pantagruel François Rabelais (1495-1553) França
75 Pedro Paramo Juan Rulfo (1918-1986) México
76 The Mathnawi Jalalu'I-Din Rumi (1207-1273) Irão
77 Os Filhos da Meia-Noite Salman Rushdie (1947) Indía
78 The Boston of Saadi (The Orchardi) Sheikh Saadi of Shiraz (1200-1292) Irão
79 A Season of Migration to the North Tayeb Salih (1929) Sudão
80 Memorial do Convento José Saramago (1922) Portugal
81 Hamlet William Shakespeare (1564-1616) Inglaterra
82 Rei Lear William Shakespeare (1564-1616) Inglaterra
83 Othello William Shakespeare (1564-1616) Inglaterra
84 Rei Édipo Sophocles (496-406 A.C.) Grécia
85 Vermelho e o Negro Stendhal (1783-1842) França
86 Vida e Opiniões de Tristam Shandy Laurence Sterne (1713-1768) Irlanda
87 A Consciência de Zeno Italo Svevo (1861-1928) Itália
88 As Viagens de Gulliver Jonathan Swift (1667-1745) Irlanda
89 Guerra e Paz Leon Tolstoy (1828-1910) Rússia
90 Anna Karenina Leon Tolstoy (1828-1910) Rússia
91 A Morte de Ivan Ilich Leon Tolstoy (1828-1910) Rússia
92 Contos Escolhidos Anton Chekhov (1860-1904) Rússia
93 As Mil e Uma Noites (700-1500)
94 As Aventuras de Huckleberry Finn Mark Twain (1835-1910) U.S.A.
95 Ramayana Valmiki (300 A.C.) India
96 A Eneida Virgílio (70-19 A.C.) Itália
97 Folhas de Erva Walt Whitman (1819-1892) U.S.A.
98 Mrs. Dalloway Virginia Wolf (1882-1941) Inglaterra
99 A Casa Assombrada Virginia Wolf (1882-1941) Inglaterra





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segunda-feira, 19 de outubro de 2009



O CÉU



À noite olho para o céu e
vejo estrelas a cintilar…
- Se quiseres ver comigo,
posso-te convidar!

De dia olho para o céu e
vejo águias a voar…
- Se quiseres ver comigo,
posso-te convidar!

À tarde olho para o céu e
vejo o sol a brilhar…
- Se quiseres ver comigo
posso-te convidar!

Estrelas; águias e sol,
Tudo bonito a planar!
- Se quiseres viajar comigo
Posso-te convidar!…


José Gonçalves
Nº 10
5ºD
imagem in http://img.olhares.com/data/big/126/1262250.jpg

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Novidades com Som...




Lourenço tem 15 anos e é feliz. Iludido, pensa que a sua felicidade está em ter tudo o que deseja: frequentar um colégio particular, dos mais conceituados; ter dinheiro para sair sempre que lhe apetece; ter um ambiente familiar onde a posse de bens materiais se sobrepõe aos valores das relações humanas; …

O seu pai é um treinador de futebol muito solicitado mas, eis que um dia, após um resultado menos favorável, é despedido. A família começa então a ter problemas financeiros e repentinamente tudo se desmorona: a mãe decidi partir em busca de um futuro sorridente, Lourenço é forçado a deixar o colégio e a frequentar uma escola pública, integrada na problemática zona da Cova da Moura. Se de início tudo lhe parece complicado, aos poucos vai-se integrando e consegue fazer amigos, deixando de ser rejeitado pelos colegas. É com estes seus novos amigos que Lourenço descobre a existência de valores e de sentimentos essenciais à existência humana.

Mais do que o materialismo, o jovem aprende que o respeito pelos outros, a amizade e o espírito de entreajuda se apresentam na vida através de pequenos sinais que, até então, lhe passavam ao lado.

Um filme a não perder! Um exemplo de coragem; um final feliz!

Encontrar a dignidade perdida e a felicidade são conquistas dos FORTES.
http://www.cinemaportugues.info

Sugestão de leitura ...



Acabei de ler um livro surpreendente que aconselho a todos: “História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar”. Gostei imenso desta obra, no entanto, surpreendeu-me a forma como o conto finalizou. Não vos digo muito mais para que possam descobrir sozinhos.

Sugiro a todos que leiam este livro pois é-nos transmitida uma importante mensagem: é incrível a forma como se relacionam dois seres tão diferentes. Um gato assume o compromisso de cuidar de um ovo e da cria que dali nascerá. No meio das peripécias vividas pelas personagens sobressaem sentimentos como a amizade, a tolerância e a fidelidade. É difícil imaginar como será um gato capaz de pôr uma gaivota a voar!? Na verdade, por mais estranho que pareça, tal é possível. Para além disso, ele é capaz de a ensinar a ser livre.


Por favor, leiam este livro que apesar de pequenito é enorme em conteúdo.


Assim, bastará deslocarem-se à BE/CRE para aí encontrarem esta obra de Luís Sepúlveda.

Filipa Neves

(8ºB)



Imagem in http://www.bertrand.pt/

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Mafalda





Miúda reguila, algo atrevida, de farto cabelo negro, Mafalda completa hoje quarenta e cinco anos.

O seu autor, Joaquin Lavado, mais conhecido por Quino, criou-a muito simplesmente para um anúncio a electrodomésticos e estava muito longe de saber que esta personagem iria ter tal sucesso; quase cinco décadas após ter surgido mantém os seus audazes comentários, opinando nomeadamente sobre aspectos do actual panorama político mundial. No 29 de Setembro de 1964, dia em que surgiu nas páginas do semanário argentino "Primera Plana", Quino, então com 32 anos, nunca imaginaria o sucesso daquelas tiras humorísticas, que se prolongaram por nove anos.

Das “falas” de Mafalda saíam comentários mordazes e pertinentes sobre a ordem do mundo, a luta de classes, o capitalismo e o comunismo, mas também, de forma mais subtil, sobre a situação política e social argentina.

Mafalda, que detestava sopa, adorava os Beatles, não compreendia a guerra no Vietname e tinha monólogos preocupados em frente a um globo terrestre, tornara-se quase que um ídolo de todas as faixas etárias. Ao ponto de em 1984, a pedido de uma instituição de acção social, o seu autor a desenhar escovando os dentes para que as crianças e jovens argentinos, por imitação, o fizessem.


A equipa da BE/CRE propõe a toda a comunidade educativa a leitura dos textos da Mafalda. Alimentar e perpetuar o espírito crítico é saber olhar o mundo e saber VIVER !!!...


Parabéns, Mafalda!








Imagens in

http://escafandro.blogtv.uol.com.br/img/image/escafandro/2009/Maio/mafalda.jpg

http://2.bp.blogspot.com/_Kbjcm-sXlv0/R1HnNhBACrI/AAAAAAAAAeI/691gx6N25W4/s1600-R/mafalda_todos.jpg

quinta-feira, 24 de setembro de 2009



Um novo ano lectivo…

Um novo ano lectivo é sempre preparado com aprumo… De alunos a professores, passando pelos funcionários. Cada um de nós se prepara, com mais ou menos cuidado. Cadernos e livros novos, estojos e canetas… esperanças, sonhos e desejos. Um desafio constante… àquilo que somos enquanto pessoas, a crescer, a aprender, …

A escola é o espaço privilegiado de partilha de conhecimentos, de amizades, de experiências, de vidas, de sonhos…

Nós alunos, somos jovens cheios de sonhos e ambições, cheios de vontade de viver e descobrir o mundo, a cada momento. Amizades, paixões (mais ou menos normais), sorrisos e gargalhadas felizes mas também lágrimas, medos, tristezas...Tudo se desenrola numa narrativa única.

As aulas constituem o tempo em que nos são transmitidos os conhecimentos e em que aprendemos a pensar, a ver o mundo e a reflectir sobre ele. E que difícil é aprender a pensar!? Podia ficar horas a escrever mas prefiro libertar o pensamento e deixar-me flutuar até às recordações do último ano…

É tempo de preparar cada pormenor com a expectativa de viver um ano melhor do que o anterior (ou pelo menos igual).

Agora é tempo de saborear o regresso e os tons castanhos que começam a nascer (Setembro e o Outono)…

É tempo de respirar fundo e avançar!
Inês Olaia
(8ºB)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009



Patrick Swayze: um adeus sentido...



E se há bem pouco chorávamos uma enorme perda no universo da música agora é o do cinema que fica mais pobre. O actor faleceu aos 57 anos vítima de cancro no pâncreas. Várias foram as homenagens realizadas como forma de relembrar a estrela de Hollywood, de entre elas a liderada por Demi Moore que emocionada proferiu as seguintes palavras: "Patrick, você é amado por muitas pessoas e sua luz brilhará para sempre em nossas vidas". Fica o testemunho de uma força tremenda e de uma árdua e persistente luta contra a doença, fica um exemplo de coragem ao acreditar num amanhã melhor. Partiu, após uma batalha de vinte meses, deixando-nos uma lição: há que acreditar nos bons e piores momentos, há que acreditar e jamais baixar os braços perante as adversidades. O mundo do teatro, da dança, da televisão e do cinema ficou mais pobre!



Imagem Patrick Swayze in

http://imstars.aufeminin.com/stars/fan/patrick-swayze/patrick-swayze-20060725-147410.jpg

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aprender a Crescer


Estudar é muito importante,
mas pode-se estudar de várias maneiras…
Muitas vezes estudar não é só aprender
O que vem nos livros.
Estudar não é só ler nos livros
que há nas escolas.
É também aprender a ser livres,
sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante,
às vezes, urgente,
mas os livros não são o bastante
para a gente ser
gente.
É preciso aprender a escrever,
mas também a viver,
mas também a sonhar.
É preciso aprender a crescer, aprender a estudar.
Aprender a crescer quer dizer:
aprender a estudar, a conhecer os outros,
a ajudar os outros,
a viver com os outros.
E quem aprende a viver com os outros
aprende sempre a viver bem consigo próprio.
Não merecer um castigo é estudar.
Estar contente consigo é estudar.
Aprender a terra, aprender o trigo
e ter um amigo também é estudar.
Estudar também é repartir,
também é saber dar
o que a gente souber dividir
para multiplicar.
Estudar é escrever um ditado
Sem ninguém nos ditar;
e se um erro nos for apontado
é sabê-lo emendar.
É preciso, em vez de um tinteiro,
ter uma cabeça que saiba pensar,
pois, na escola da vida,
primeiro está saber estudar.
Contar todas as papoilas de um trigal
é a mais linda conta de somar
que se pode fazer.
Dizer apenas música,
quando se ouve um pássaro,
pode ser a mais bela redacção do mundo…
Estudar é muito
mas pensar é tudo!


J. C. Ary dos Santos



Ilustração de Maria de Fátima Lopes dos Reis

Jean Piaget



Jean William Fritz Piaget nasceu a 9 de Agosto de 1896.
Filho de um professor universitário, foi o primogénito de uma família de três filhos. Desde muito cedo que mostrou um enorme fascínio pelas ciências naturais, concluindo o doutoramento nesta área.

Jean Piaget tinha apenas onze anos quando publicou o seu primeiro artigo científico: o próprio escreveu o meu primeiro artigo foi publicado, e eu estava “lançado”!. Posteriormente, na adolescência as suas preocupações científicas foram acrescidas de uma profunda crise espiritual: o conflito entre ciência e fé.

A ideia chave subjacente ao trabalho de Jean Piaget é a de evolução, segundo a qual, com a passagem do tempo, as formas de vida simples são susceptíveis de se transformarem, por etapas, em formas mais complexas e melhor adaptadas. A esta ideia de evolução corresponde o princípio filosófico e científico que se traduz num natural interesse pela dinâmica e pela mudança das coisas, no estudo da transformação ao longo do tempo.

Embora marcada por temáticas constantes a abundante produção científica de Piaget pretendia aprofundar, segundo os ideais em que acreditava, a compreensão da rede de criatividade responsável pela aquisição do conhecimento humano; reconsiderando hipóteses, ia dando continuidade ao trabalho de provar conceitos-chave que viriam a marcar as ciências educacionais. A sua obra, de enorme grandeza – mais de cinquenta livros e monografias, para além de centenas de artigos – foi sendo publicada durante um período de sensivelmente setenta anos, representando, ainda hoje, uma fonte de inspiração.

Jean Piaget faleceu em Genebra a 16 de Setembro de 1980. Deixou-nos uma contribuição essencial para o conhecimento, aprendizagem e desenvolvimento da criança. Embora as suas teorias não tenham pretendido ser definitivas constituem uma herança que no plano da Educação continua pertinente e actual.


Imagem Jean Piaget in http://www6.ufrgs.br/psicoeduc/imagens/fotos_piaget/piaget_1917.jpg

sábado, 8 de agosto de 2009

Construir uma Vida pelo Sorriso

«(...) Aquelas aves que tinham
Um memória eterna do teu rosto
E voam sempre dentro do teu sonho
Como se o teu olhar as sustentasse.» (1)

Já não contávamos aqui vir a este espaço de comunicação e de partilha de ideias e de afectos. Já nos tínhamos despedido do blogue, na medida em que outros continuarão no próximo ano lectivo este projecto. Mas, os acontecimentos obrigaram-nos a deixar aqui um testemunho de reconhecimento por um Grande Homem que simboliza muito mais que o humor em Portugal.

Não vamos fazer aqui a biografia de Solnado que hoje, após uma vida completa de emoções nos deixou sozinhos perante a inquietação e admiração de viver. Não vamos descrever todos os seus sucessos, nem o conjunto da sua obra. Falamos mais do homem e da sua grandeza e do seu papel como cidadão.

Poucos, muitos poucos neste País sabem expressar com génio a sua arte e revelar-se verdadeiros mestres dos outros. Ensinar sem que se perceba que nos estão a dar uma lição. Mas uma lição gratuita, feita de sorrisos e abraços. Quem mais neste País soube exprimir o non-sense de um regime, do seu quotidiano, deixando os próprios censores a rir. Quem mais soube transportar para o público a nossa graça individual?

E tudo isto com sensibilidade e humanidade. Quantos homens, não só neste País, mas neste mundo onde vivemos souberam exprimir com delicadeza, com palavras gentis, com sedução pela vida as suas ideias. E logo para que rindo chegássemos ao som de uma qualquer felicidade, ainda que limitada ou circunscrita pelo quotidiano. Foi um caso de grande dávida e porque não dizê-lo de amor.

É um dos raros casos em que até as palavras nos pedem desculpa, pelas suas infinitas limitações. O rosto e o sorriso, a graça e a sedução, a inquietação e a perturbação do real. Qual a palavra para exprimir esta generosidade? Não existem palavras para demonstrar a grandeza, a doçura e o génio feitos simples. E aqui sim, desta vez, para nosso desgosto perdeu-se uma alma insubstituível.

Sendo muito obrigado, tão pouco, aqui ele fica para o homem que nos educou pelo teatro, pela televisão, pela rádio em sessões de ternura. Se a poesia conduziu Sophia à imortalidade, o sorriso com que enfeitiçou as palavras dará a este homem generoso a sua, feita há muito dos dias em que nos encantou de simplicidade.

(1) Sophia, Os Pássaros, in Coral
Imagem, in Arquivo online, Jornal Público, 8 de Agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Último Post ...


Chegados aqui e após muitas mensagens, quatro bloggers que nos seguem há alguns meses, mil quinhentos e qualquer coisa em visitantes deixamos este espaço, onde estivemos nove meses e onde repararam em nós.

Ficamos satisfeitos por termos conseguido comunicar ideias, sugerir pensamentos, protestar contra uma certa banalidade reinante no Reino, nas áreas culturais, sociais e de afirmação da cidadania, apresentar livros, comunicar textos desenvolvidos em determinadas aulas e termos funcionado como ponto de ligação entre diferentes elementos do espaço educativo de uma escola.

As ideias e os projectos que aqui se desenvolveram só foram possíveis ser concretizados pela participação de diferentes elementos do agrupamento e da escola. Estabelecemos com alguns uma relação afectiva que foi essencial para o prazer de aqui ter estado. Não citamos nomes, porque penso isso ser dispensável e pelo risco de esquecermos alguém.

E em primeiro plano é de elementar justiça colocar a equipa que organizou e dinamizou este ano lectivo a biblioteca. Em especial a quem soube conciliar o trabalho e a dedicação com a visão espirituosa no trabalho e na vida, apesar das dificuldades. E claro a quem especialmente no seu trabalho soube e sabe também conciliar a solidariedade e os princípios, sempre com a determinação e a alegria do querer fazer. Citar nomes seria despropositado.

Sobre a qualidade deste projecto existem muitos observadores que o poderão avaliar. Certamente que ficaram planos por concretizar e ideias para aplicar em defesa do conhecimento. É sempre possível fazer melhor e é esse o desafio da próxima equipa da Biblioteca, caso achem interessante dar continuidade a este projecto. Por nós ele valeu bem o esforço e a dedicação.

A terminar gostava de deixar muitas felicidades a todos e que como diz Sophia possamos todos no tempo à frente «construir a partir do fundamento», em dias de liberdade a afirmação de cada um.

O Lado Selvagem (III)


Society (1)

«É um mistério para mim
Estávamos de acordo
Com o que concordámos

Achas que tens de querer mais
Do que precisas

Não descansas
Enquanto não tiveres tudo

A sociedade, a tua louca respiração
Espero que não te sintas só sem mim

Quando se quer mais do que se tem
Pensa-se que é preciso

E quando se pensa mais do que se quer
Os pensamentos sangram

Acho que tenho
Que procurar um espaço maior

Quando se tem mais
Do que se pensa

Precisa-se de mais espaço...»


(1) Letra da Música Society,
in Eddie Vedder, Banda Sonora Into The Wild

O Lado Selvagem (II)


Rise (1)

«O mundo é assim
Nunca se sabe

Onde ter fé e como ela fortalece

Vai sendo mais forte
Ao destruir as más memórias

Vai sendo mais forte
Quando se aprende com os erros

A passagem do tempo é assim
Demasiado veloz para controlar

E de repente
Absorvido por presságios

Vai sendo mais forte
Ao encontrar
A direcção magneticamente

Vai sendo mais forte
Ao fazer melhor»

(1) Letra da Música Rise
in Eddie Vedder, Banda Sonora de Into The Wild

O Lado Selvagem (I)


«Há um enlevamento na costa solitária/há uma sociedade onde ninguém penetra/Junto ao mar profundo, com música no seu rugido: Não amo menos o Homem, mas mais a Natureza» (Lord Byron)


É a nossa última ideia. Apresentar um livro, que foi o modo como iniciámos este projecto e por ele em diversos contornos aqui deixámos as letras e as suas cores.
O Lado Selvagem, tradução para Into The Wild é a história verídica de um jovem americano à procura da sua verdade interior e de uma viagem para nas condições humanas mais primitivas de vida procurar responder sozinho «à rocha cega e surda apenas com a força e o espírito do cérebro e das mãos».

O Lado Selvagem é também uma viagem pelo interior da América, pelos seus quadros naturais, pelas suas paisagens humanas, pela solidão de cidades abandonadas ao sucesso mercantilista, mas também uma viagem aos sonhos de tantos que vivem ou parecem viver à margem de uma sociedade de abundância.

O Lado Selvagem é acima de tudo a viagem de um jovem que procura conhecer os seus fundamentos, aquilo que nos pode fazer sentir grandes, encontrar aquilo que nos pode elevar como seres humanos. A Natureza mais selvagem, entre rios, montanhas céu azul e animais, o que nos pode ensinar, na medida em que não pertencemos nós a esse espaço de encantamento?

É verdade que a viagem de Chris acabou mal. Ao contrário do que se diz nem sempre a sorte protege os audazes e devido a alguns pormenores não controláveis o nosso herói acabou por não resistir às dificuldades. Fica-nos o exemplo.

Into The Wild é um projecto composto por um Livro, um Filme e uma Banda Sonora que nos transmite este desejo pela evasão por um mundo mais equilibrado, mais verdadeiro, em busca dos elementos que nos formam, os átomos universais que moram em nós e no universo. Afinal a possibilidade e a grandeza de cada um se superar na sua própria humanidade.

Deixaremos nos últimos dois post's uma pequena amostra da poesia do livro que é o testemunho de um jovem na busca da felicidade e beleza simples, as que estão mais perto do coração do homem.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Os Caminhos deste Desastre...


Os princípios e o carácter parecem em tantas situações aspectos subjectivos, capazes de serem reclassificados de acordo com as capacidades e estratégias e cada um. Mas afinal verificamos que na organização da sociedade, nos tristes exemplos que a classe política nos vai dando constatamos como uma visão medíocre da cidade se vai arrastando. A possibilidade de fecho do café do Martinho da Arcada, pela concentração de trânsito (cento e cinquenta autocarros por dia) e pela poluição criada é uma infeliz possibilidade.

Uma cidade com um património cultural imensamente rico, pode desenvolver-se com esta falta de ideias? Pode uma cidade sobreviver sem uma gestão adequada dos seus espaços culturais? Estamos a imaginar algo semelhante em Veneza, em Génova ou em Praga?

Algum País digno de um património humanista teria a genial ideia de destruir os livros cujas edições sejam superiores a três anos? Algum Estado digno do seu papel se integraria nesta ideia de barbárie? Tantas bibliotecas carentes de materiais, tantos habitantes deste mundo, na expressão de língua portuguesa, necessitando de informação e nós os ricos do costume dignam-se a este desperdício.

Há atitudes que falam mais da estrutura mental dos que a promovem, do que todos os coros de intenções. Aos que quiserem dar a sua voz contra esta demência, aqui fica o link

Imagem, (Hugo Pratt, Corto Maltese,
in http://opodoslivros.blogspot.com)

sexta-feira, 31 de julho de 2009

«Ler, Escrever, Estudar, Sentir...»



Foi um dos primeiros textos escritos durante uma das aulas dos últimos três anos e conduz-me às memórias de uma aluna muito especial. Logo no início se compreendeu como ali estava, aqui está um espírito humano de grande beleza. Por estes que ainda fazem a descoberta de novos mundos pela palavra e através dela para exprimir o mundo ficamos sempre maravilhados. Será difícil encontrar um aluno, um jovem e até um adulto que tenha esta sensibilidade e capacidade de querer aprender. Deixo aqui este texto que é uma homenagem às palavras, que aqui procurámos saudar e a ela, uma aluna muito especial.

«Estudar é muito importante para mim. Estudar é aprender. Cada um é livre de querer ou não estudar. Mas se eu não estudasse ainda hoje não saberia escrever nem ler. Ler é tão simples que muitas vezes passa despercebido. Quando não sabia ler e via um filme dizia que no fim passavam «as letras» que é como quem diz a Ficha Técnica. Já não é tão frequente, mas dá para reflectir. Eram simplesmente letras que hoje fazem sentido.

O prazer de ler. Ler um livro. Ler um livro ou um conto é viajar, no tempo, no espaço, em ambas ou apenas para outras dimensões. Sejam elas de um mundo diferente ou apenas uma qualquer casa ao virar da esquina, ao sair da cidade, na serra, numa escola... Há histórias que nos parecem desenrolar-se ali mesmo ao lado. Outras que nos levam. Para mim ler é um prazer indiscutível. Ler uma notícia é estar informado.

Ler e escrever são coisas que para mim são essenciais. A ler distraio-me, aprendo coisas que não sabia. Escrever é como um refúgio. Um sítio para onde vou quando estou triste ou feliz, quando estou baralhada ... É como se um caderno fosse um sítio só meu, um lugar onde só eu posso entrar e para o qual só eu tenho a chave.

A ler costumo reagir às emoções que o texto sugere. Se é triste também eu fico triste, mas mais vontade ainda de continuar e ver como se desenrola. Se tem uma certa graça acabo também a rir. Mas ao mesmo tempo se largo o livro as emoções também ficam para trás.

Cada um é livre de fazer o que quiser e bem entender. Eu gosto mas, há quem não goste. Não entendo. Quer dizer, escrever ainda percebo mas, ler e estudar? Preguiça! Ler é fácil. Ainda me lembro das primeiras vezes que visitei monumentos depois de saber ler...ficava uma data de tempo a ler as indicações, mas li-as todas!

Há livros que nos ensinam coisas importantes. Por exemplo «A Lua de Joana» que nos dá uma lição sobre os ... «maus», talvez não seja a palavra certa, as amigas e as drogas, ou a colecção «Viagens no Tempo» que sob a forma de aventura nos fala na História de Portugal ... «O Detective Maravilhas» que resolve dilemas que surgem numa escola bem actual... e até «O Clube das Chaves» que nos leva à nossa história e cultura... e não sei mais quantos livros que nos fazem aprender.

No entanto nem tudo vem nos livros. Há muita coisa que temos de aprender com o tempo. A saber lidar com situações difíceis, a acabar com discussões e falar com calma... ah... tanta coisa que aprendemos com o dia-a-dia!»

Imagem (Pierre-Auguste Renoir, Rapariga Jovem a Ler,
in http://osilenciodoslivros.blogspot.com)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Uma Última Actividade


Deixamos aqui, já em tempos de férias uma última amostra das actividades desse ano lectivo que passou, o encontro com a escritora Ana Meireles, realizado no dia 17 de Junho.
Foi um momento muito agradável, onde os presentes, professores e alunos tiveram a possibilidade de conhecer uma escritora não muito divulgada nos media, mas detentora de um espírito simples e fascinante.

A partir da leitura do «Aqui há Gato», desdobraram-se histórias de infância, que são para a autora como uma «aspirina contra as dores de cabeça». Reviver na infância as histórias que mais tarde nos podem fortalecer perante as dificuldades ou acontecimentos menos positivos. Foram deixadas algumas questões que a escritora respondeu sempre com graça e sentido de humor.

Ana Meireles soube maravilhar a audiência com as suas histórias de infância, que são tantas vezes um recurso que usa para as narrativas que nos quer contar. Desvendar os nomes das personagens, revelar a curiosidade pelos pormenores da escrita, compreender essa expressão maravilhosa, «o avesso das coisas». Foi sem dúvida uma forma muito fascinante de encerrar o ano lectivo a as actividades ligadas à leitura. Em baixo deixamos algumas imagens da actividade aqui sumariamente descrita.


segunda-feira, 20 de julho de 2009

O menino Que Sonhava Com A Lua


«Era uma vez um menino que passava horas e horas namorando as estrelas. Ele morava muito longe, numa pequena cidade dos estados Unidos e, à noite, quando a Lua cheia brilhava, nos céus da sua terra, o menino ficava imóvel, olhando o enorme disco prateado. Todos os seus colegas conheciam o seu grande sonho e, se alguém zombava dele, o menino, muito sério, afirmava:

- Eu ainda vou até lá, vocês vão ver!

O tempo foi passando e o menino cresceu. Entrou para a força aérea do seu país. Pilotou diversos aviões, esteve numa guerra e, quando voltou, recebeu muitas medalhas e disseram que ele era um herói. Casou-se, teve filhos e continuou a estudar, na tentativa de um dia poder realizar o seu velho sonho.

Vezes sem conta, nas noites de luar, olhando para o alto, o menino, já com algumas mechas de cabelos grisalhos emoldurando um rosto ainda jovem, pensava:
- É .... está longe, mas eu ainda vou até lá!

Algum tempo depois, o mundo acordou com a novidade. Em todos os jornais as manchetes eram as mesmas, a notícia corria de boca em boca: o Homem estava a chegar à Lua.
As televisões e as rádios de todo o planeta estavam sintonizadas para receber, ao vivo, as imagens e o som da realização do grande feito do ser humano. a meta da viagem espacial tripulada. Lá estava a escada do módulo reflectida em todos os ecrãs de televisão. Era o momento decisivo. Pouco a pouco desceu um vulto todo branco, ensaiou os primeiros passos no solo lunar e, finalmente, soltou-se da escada, caminhando pelo chão do satélite da Terra.

Ali, naquele instante histórico, parado, fitando o globo terrestre, não estava o oficial experiente e supertreinado, não estava o cientista nem o astronauta: quem estava ali, com a voz embargada pela emoção, era o menino Neil, Neil Armstrong, o menino que sonhava com a lua


in, Benedito Polch, Experiências em Comunicação e Expressão

domingo, 5 de julho de 2009

Sophia

«Passou um bando de golfinhos. Um corria quase à tona da água. Como sempre que estou a bordo, sinto-me elástica (...) Brilho do sol sobre a água. Mar liso. Navegamos sem um balanço. Mar azul. Céu azul. Ilhas azuis. Ítaca aparece e vai-se desenhando verde até ao mar. Despovoada. Quase sempre.» (1)


Há dias, concretamente quatro, passaram cinco anos sobre a morte física dela. Já aqui deixámos por diferentes motivos as suas palavras e a sua inspiração. Nunca será demais lembrá-la como figura onde a palavra soube resgatar o real numa capacidade de observar, de saber olhar. Perseguir a sabedoria das coisas e criar a vida a partir do «fundamento», da casa branca, do mar azul de espanto, acima das fracturas do tempo.

Em baixo deixamos um pequeno filme (Área de Projecto/Biblioteca) sobre essa viagem nos mares da Grécia, onde Ulisses e tantos outros percorreram pela 1ª vez na História da Humanidade a aventura de procurar a revelação do outro, do que não era conhecido.

(1) Excerto do relato da 1ª Viagem à Grécia de Sophia,
(Espólio que está a ser lentamente divulgado pela família,
in Grandes Livros, RTP2)