sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dia do Trabalhador


Nas últimas décadas do século XIX assistimos à emergência de uma sociedade nova, onde a ideia de Revolução parecia criar um mundo novo. A ideia do progresso como algo inevitável à Humanidade parecia uma certeza que daria a todos espaços de felicidade. As invenções e a tecnologia pareciam comprovar o génio do homem. Da máquina a vapor, à electricidade e ao dínamo as descobertas davam a ideia de conquista do futuro.

As máquinas que parecem obedecer à função que o homem lhes deu têm a sua própria lógica, a que lhes foi dada por aqueles que fizeram dela a essência da sua existência. O século XIX foi o século da burguesia e esta sempre se preocupou apenas com uma coisa, o dinheiro, a acumulação de capital. O trabalho aparece, mais, muito mais que em séculos passados como um valor capaz de ser comprado e vendido como qualquer outra mercadoria. O trabalho e a vida passaram para os que desempenhavam essa função quase como contraditórios.

Foi contra essa falta de dignidade da máquina que no dia 1 de Maio de 1886, em Chicago, um conjunto vasto de trabalhadores se manifestou para lutar para um dia de trabalho de oito horas. A manifestação foi reprimida, tal como a que se seguiu, quatro dias depois. Em 1889, O Congresso Operário Internacional, reunido em Paris instituiu o dia 1 de Maio como o Dia Mundial do Trabalhador. Em 1890, os trabalhadores americanos conseguiam as suas pretensões de obter um horário de trabalho de oito horas.

Os direitos pelo trabalho comemoram-se em Portugal há trinta e cinco anos, pois durante o Estado Novo tal não era possível, pelo clima de repressão da liberdade que Salazar sempre procurou impor no País.

Hoje, o que significa comemorar o dia do trabalhador? Significa lutar contra os que com oportunismo conhecido enriquecem à custa de uma falta de ética que tantas vezes se vê na utilização das funções públicas.
Significa lutar pelo desenvolvimento de relações humanas, onde a consciência e os valores espirituais concedem ao homem mais dignidade
Significa lutar pela ideia que Sophia há tantos anos exprimiu: «Ganharás o pão com o suor do teu rosto/assim nos foi imposto/e não: Com o suor dos outros ganharás o pão.»(1)

(1) Sophia de Mello Breyner Andresen, «As Pessoas Sensíveis», in Livro Sexto
(Imagem, Os Trabalhadores de Chicago em 1886, in escolaprof.wordpress.com)

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