sábado, 13 de junho de 2009

No Nascimento de Pessoa


 Já aqui escrevemos sobre ele. Na data do 121º aniversário do seu nascimento não podíamos deixar de mais uma vez aqui o lembrar. Nunca será suficiente. Pois ele representa a capacidade universal do homem que se desdobra em múltiplas possiblidades, num Universo onde a Humanidade se representa a si própria num campo infinito de sonhos, esperanças e olhares. Ele não é só o maior poeta de língua portuguesa do século XX, ele é a própria Língua. Justamente, Fernando Pessoa. Três pequenos textos reveladores do seu génio intemporal.

Se, depois de eu morrer...

«Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas, 
a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza

Põe quanto És no Mínimo que Fazes

«Para ser grande, sê inteiro: nada
teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda 
Brilha, porque alta vive».

Heterónimos de Fernando Pessoa
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos;
Ricardo Reis, Odes;
(Imagem, in novoslivros.blogspot.com)

1 comentário:

Domenico Condito disse...

Seu blog foi indicado para o Premio Internazionale UTOPIE CALABRESI!
Veja em: http://utopiecalabresi.blogspot.com/
Muitos parabéns!!!