quinta-feira, 18 de junho de 2009

Em Teerão...




Em Teerão, por estes dias decorre uma página importante da História de todos nós, a luta por um regime que saiba reconhecer vontade e liberdade nos seus cidadãos.

São sonhos de esperança, espelhos de memória por aqueles que não querem ser prisioneiros de si próprios. Não é fácil fazer isto, num local onde o Estado e a Religião são omipresentes e têm a pretensão de dominar o coração dos cidadãos.

Os protestos em Teerão revelam um momento em que as portas do regime comandado por uma hierarquia religiosa parecem querer reivindicar a sua dignidade. É um momento interessante para a História.

Mas deixemos e falemos antes dos que fazendo da memória utensílio revelam, como na penumbra pode-se começar pelas palavras a construção de dias novos. Os livros são eles, mais uma vez que, nos permitem interrogar a nós próprios. Um desses casos é o Livro de Azar Nafisi, Ler Lolita em Teerão.

Ler Lolita em Teerão é um exemplo dessa determinação e também da coragem para arriscar a vida pela compreensão do mistério humano. É um esforço de compreensão que nos é pedido a nós leitores. Esforço para percebermos como culturas islâmicas conseguem compreender os autores da cultura ocidental. O que eles lhes trouxeram, mas também o que perderam quando esses livros são confiscados.

Afinal não é a busca da Lolita original do escritor russo, mas aquela que nasceu em Teerão em várias estudantes e uma professora que procuraram na Literatura compreender para intervir no seu mundo interior, afinal o único possível naquele momento de tirania. Os mais simples episódios do quotidiano podem vislumbar aos seus leitores uma esperança ou um sonho, mesmo nos dias mais cinzentos, em que as palavras de Steinbeck ou as descrições aromáticas de Hemingway são proibidas.


(Imagem, Iman Maleki, Irmãs Lendo, in Zichi.blogspot.com)

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