Os Estados não são colectividades de pessoas, são organizações pensadas para gerir a existência material dos indivíduos, mas também a sua felicidade. Neste sentido, a graça e o sentido de um povo mede-se pelo valor das suas instituições, capazes de respeitar a geografia humana. Em Portugal os governos estão habituados a tutelar os portugueses, que parecem assim incapazes de viver com autonomia os seus ideais de liberdade. Que tem isto a ver com as eleições europeias? Tudo.
Um dos primeiros factores da nossa incapacidade de assumirmos a nossa dimensão livre e responsável é justamente o proteccionismo que a classe política assume perante os seus cidadãos. Este proteccionismo é posto em marcha por uma classe política que faz da geografia humana um conjunto de indígenas «inspirados» como crianças, onde tudo é possível ser dito, sem consequências, mesmo que venha das catacumbas da História.
Vital Moreira, candidato do actual governo às eleições europeias, carregou a sua memória e deixou-nos as marcas no estilo e no fundamento. As propostas de ideias não conseguem superar o discurso de feira, onde a honestidade intelectual parece pouco relevante.
Ele revela o essencial de uma mentalidade, o discutir pessoas e não processos, casos e não instituições, sempre e só no círculo das conveniências imediatas do momento. São raros os que conseguem resistir ao baptismo ideológico, quando este vive de explicar o que já foi explicado numa limpidez de discurso estonteante. A utilização de processos judiciais numa campanha política revela o elevadíssimo grau com que certas mentes consideram o Estado de Direito.
Jogando com as palavras apresenta-nos acima desses infelizes momentos propostas insignificantes para o que aqui importa, as eleições europeias. Erasmus para todos é uma falácia por parte de um dos partidos que aceitou há dois anos reduzir as importâncias relacionadas com esse projecto. Mas «o direito ao TGV» é de facto a supremacia da mediocridade. Alguns dos países nórdicos devem viver angustiados, sem esse meio de felicidade permanente. Ela revela como a classe política não compreende a geografia social e humana do seu País.
A classe política julgando que Portugal é um País como a Dinamarca ou a Finlândia revela-se incapaz de discutir uma ideia simples sobre o facto em si, a campanha eleitoral para as eleições europeias. Como fazer para Portugal se encaminhar, se transformar para poder ser um País realmente europeu? Por que não podem os portugueses aspirar a um desenvolvimento social semelhante a de outros povos europeus?
A Europa é vital ou quererá o cartaz dizer que ele próprio, o candidato é indispensável à Europa? Discutimos apenas ideias, não pessoas. Consideremos, então essa noção de Europa.
Um dos primeiros factores da nossa incapacidade de assumirmos a nossa dimensão livre e responsável é justamente o proteccionismo que a classe política assume perante os seus cidadãos. Este proteccionismo é posto em marcha por uma classe política que faz da geografia humana um conjunto de indígenas «inspirados» como crianças, onde tudo é possível ser dito, sem consequências, mesmo que venha das catacumbas da História.
Vital Moreira, candidato do actual governo às eleições europeias, carregou a sua memória e deixou-nos as marcas no estilo e no fundamento. As propostas de ideias não conseguem superar o discurso de feira, onde a honestidade intelectual parece pouco relevante.
Ele revela o essencial de uma mentalidade, o discutir pessoas e não processos, casos e não instituições, sempre e só no círculo das conveniências imediatas do momento. São raros os que conseguem resistir ao baptismo ideológico, quando este vive de explicar o que já foi explicado numa limpidez de discurso estonteante. A utilização de processos judiciais numa campanha política revela o elevadíssimo grau com que certas mentes consideram o Estado de Direito.
Jogando com as palavras apresenta-nos acima desses infelizes momentos propostas insignificantes para o que aqui importa, as eleições europeias. Erasmus para todos é uma falácia por parte de um dos partidos que aceitou há dois anos reduzir as importâncias relacionadas com esse projecto. Mas «o direito ao TGV» é de facto a supremacia da mediocridade. Alguns dos países nórdicos devem viver angustiados, sem esse meio de felicidade permanente. Ela revela como a classe política não compreende a geografia social e humana do seu País.
A classe política julgando que Portugal é um País como a Dinamarca ou a Finlândia revela-se incapaz de discutir uma ideia simples sobre o facto em si, a campanha eleitoral para as eleições europeias. Como fazer para Portugal se encaminhar, se transformar para poder ser um País realmente europeu? Por que não podem os portugueses aspirar a um desenvolvimento social semelhante a de outros povos europeus?
A Europa é vital ou quererá o cartaz dizer que ele próprio, o candidato é indispensável à Europa? Discutimos apenas ideias, não pessoas. Consideremos, então essa noção de Europa.
Para a Europa ser vital, necessitamos antes de mais de sermos essenciais para com o nosso quotidiano. E a Europa que é vital, não é a dos estados, mas a dos cidadãos. Ora esta ideia de Europa não existe. Acima das frases feitas, que ideias revela o candidato? Um imposto europeu? E por que não também um galáctico ou planetário para todos os extraterrestres que nos visitam? A Europa não tem uma plano de acção. O candidato oficial a ser o próximo presidente da Comissão Europeia não nos apresenta uma estratégia para lidar com as dificuldades do emprego e do crescimento.
Continuamos com uma política monetária e sem uma ideia para o desenvolvimento económico.
Durante décadas a sabedoria do pensamento europeu baseava-se no subsídio à não produção. Percebe-se hoje, como tais ideias fizeram abandonar campos, transformando comunidades em aldeias isoladas. É preciso não saber nada de planeamento geográfico para não compreender a importância das culturas humanas regionais no desenvolvimento sustentado de um País. Foi um primeiro passo para o transformar numa entidade amorfa e carente de vida.
Não se apreende qualquer credibilidade, sustentáculo para uma Europa realmente vital como projecto de solidariedade entre culturas, sem nós os Portugueses compreendermos o nosso papel nessa Europa. Não é um País afastado do crescimento e isolado em si próprio, sem dinâmica social que irá permitir realizar a criação de riqueza face aos desafios das economias ascendentes. A Europa não se constrói apenas em gestão administrativa.
E um País como Portugal não pode ser no palco internacional algo de diferente? Tem cultura para isso. Pode desempenhar um papel importante. Apenas necessita de audácia e esclarecimento. A audácia de denunciar os atropelos aos direitos humanos, lutando por uma Europa de direitos convictos. Por que não podem os candidatos exprimir ideias realmente transformadoras e conciliadoras com a História e a memória do seu tempo?
E um País como Portugal não pode ser no palco internacional algo de diferente? Tem cultura para isso. Pode desempenhar um papel importante. Apenas necessita de audácia e esclarecimento. A audácia de denunciar os atropelos aos direitos humanos, lutando por uma Europa de direitos convictos. Por que não podem os candidatos exprimir ideias realmente transformadoras e conciliadoras com a História e a memória do seu tempo?
O que pode então ser Portugal?
Pode ser um País que faça compreender a Europa que o seu domínio sobre o Mundo acabou e nesse sentido analisar as formas de ultrapassar as dificuldades do presente. Não poderia Portugal pela sua história, com particular acento explicar à Europa que apagar o passado europeu não permitirá construir nenhum projecto de Europa com futuro. A Europa precisa de saber reconhecer pelos cidadãos o que soube construir. Ora isso não se faz limpando os conflitos entre as diferentes «europas», no seu passado. A rescrita da investigação histórica, como a faz a European Science Foundation, numa legitimação de uma Europa que não quer pensar, julgando que a História já chegou ao fim é um triste exemplo desta incapacidade.
Pode ser um País que na Europa permita falar não da Humanidade em abstracto, mas de pessoas, das que nela vivem, dos seus sonhos e dificuldades. A campanha eleitoral europeia deveria focar estes aspectos. Naturalmente que para isso acontecer precisamos de políticos capazes de compreender que «uma nação vale pelos seus sábios, pelas suas escolas, (...) pela sua literatura, pelos seus exploradores científicos, pelos seus artistas» (2). E necessitamos de políticos que saibam discutir as instituições e não a moral das pessoas e que saibam que o acto público só pode partir da sociedade e das suas aspirações, não do Estado.
A grande lição da América, que muitos não compreendem é que ali, justamente, se pretende ter uma ideia de intervenção, uma mudança acessível a quem pelo trabalho, pela energia, pela graça queira transformar o real, não apenas existir. O dilema da Europa é que quer existir num mundo que já acabou, com políticos que não representam a sociedade.
Pode ser um País que faça compreender a Europa que o seu domínio sobre o Mundo acabou e nesse sentido analisar as formas de ultrapassar as dificuldades do presente. Não poderia Portugal pela sua história, com particular acento explicar à Europa que apagar o passado europeu não permitirá construir nenhum projecto de Europa com futuro. A Europa precisa de saber reconhecer pelos cidadãos o que soube construir. Ora isso não se faz limpando os conflitos entre as diferentes «europas», no seu passado. A rescrita da investigação histórica, como a faz a European Science Foundation, numa legitimação de uma Europa que não quer pensar, julgando que a História já chegou ao fim é um triste exemplo desta incapacidade.
Pode ser um País que na Europa permita falar não da Humanidade em abstracto, mas de pessoas, das que nela vivem, dos seus sonhos e dificuldades. A campanha eleitoral europeia deveria focar estes aspectos. Naturalmente que para isso acontecer precisamos de políticos capazes de compreender que «uma nação vale pelos seus sábios, pelas suas escolas, (...) pela sua literatura, pelos seus exploradores científicos, pelos seus artistas» (2). E necessitamos de políticos que saibam discutir as instituições e não a moral das pessoas e que saibam que o acto público só pode partir da sociedade e das suas aspirações, não do Estado.
A grande lição da América, que muitos não compreendem é que ali, justamente, se pretende ter uma ideia de intervenção, uma mudança acessível a quem pelo trabalho, pela energia, pela graça queira transformar o real, não apenas existir. O dilema da Europa é que quer existir num mundo que já acabou, com políticos que não representam a sociedade.
Não parece evidente que o senhor candidato Vital tenha ou queira discutir os reais problemas do País e da Europa. E não serão os slogans de tele-ponto do primeiro ministro que darão essa mudança, capazes de nos mimetizar no presidente americano. A mudança é interior e naturalmente que com esta elevação no discurso, como temos assistido, nem as regras de um convívio democrático se respeitam. A Liberdade e a Democracia só existem no concreto, não na apatia abstracta. E esta vitalidade está longe de acontecer do lado de cá dos Pirenéus.
(1) Jean Monnet, Wikipedia
(2) Eça de Queirós, O Distrito de Évora
(2) Eça de Queirós, O Distrito de Évora
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