quinta-feira, 2 de abril de 2009

O Que Não Sabemos Compreender




No nosso tempo de existência nunca aqui escrevemos qualquer texto sobre a educação e a estratégia educativa dos que nos governam. Deixemos isso para outros. Há já quem o faça muito bem.
Como blogue de uma Biblioteca e ligados por vocação e paixão à História, achamos que este episódio ou caso merece umas palavras, de indignação, mas também de alcance formativo.

O Srº João Pedroso recebeu do Ministério da Educação duzentos e noventa mil euros para fazer o levantamento da legislação produzida pelo citado ministério. O Srº Advogado teve mais que fazer e não cumpriu a tarefa. É Grave? Só aparentemente.

A Srª Ministra ficou surpreendida com o acontecido. É natural. Nós também ficámos. Mas a nossa surpresa é de outra natureza, mais modesta, mais humilde, própria de pessoas simples. Não temos a capacidade de averiguar o modo como o Srº Advogado se apresenta como «um incumpridor nato». As nossas preocupações são outras. Apenas algumas questões:
- Não foi a digitalização dos Diários da República feita para possibilitar a sua mais fácil leitura e consulta?
- Quando o Ministério da Educação elabora a sua legislação, não a organiza em temáticas, sujeita a índices?
- Não tem o Ministério da Educação funcionários capazes de organizar a informação que produz?

Na falta destes presupostos perfeitamente acessíveis a pessoas tão intelectualmente limitadas como nós, que não podemos aceder ao Olimpo, one last question, last but not least, por que encomendou o Ministério da Educação um trabalho a um agente externo a si próprio que simplesmente não fazia qualquer falta? E se a tarefa não foi feita, porque foi paga?

A surpresa de uma Ministra é sempre desagradável, sobretudo quando está habituada a ser obedecida. A nossa surpresa é de outra escala.

Este caso revela como a crise actual, não a internacional, mas na que estamos mergulhados não existe aqui por acaso. Este episódio revela o desprezo pelo cidadão, uma falta de responsabilidade que se tem pelas instituições. O sentido de representação da causa pública está aqui perdido. Com trinta ou quarenta mil euros, teria esta exacta escola o direito a uma Biblioteca, daquelas com livros, leitura informal, centro de recursos, mediateca, if you know what I mean?

Com apenas 13/14 mil euros a Fundação Americana da Ásia constrói em aldeias isoladas, nas montanhas do Paquistão escolas para mudar o conceito de vida e de dignidade humanas. Em História, o acaso tem dimensões microscópicas. A felicidade humana, como a dos Povos fazem-se de organização, sabedoria e sentido de responsabilidade individual.

Há de facto entre nós uma permanência. A da que persiste ser incapaz de compreender o futuro. Soubemos hoje que há dois anos em Portugal, ao contrário de outros países europeus, as filiais bancárias de grandes bancos estão isentos na tributação de lucros.
Desculpem-nos a franqueza. Não é possível simplificar processos e respeitar os princípios de interesse geral?

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