Neste dia, todos os anos lembramos os episódios de um golpe militar, os protagonistas que conduziram ao fim do regime cinzento e medíocre que tinha sido o Estado Novo. Neste dia, revemos as imagens de alegria de uma população que se sabia presa a um modelo de sociedade sem presente, nem futuro. Neste dia, alguns pelo menos, gostamos de lembrar os idealistas.
Aqueles que sonharam com a dignidade perdida, não com o poder, os que acreditaram que a determinação, espelho da vontade se concilia com o espírito de mudar as condições e os direitos da comunidade de homens. Aqueles que sonharam com ingenuidade na boa vontade, não com o calculismo de obtenção de cargos. Aqueles que pertencem à raça de superior de se saberem ao serviço de um ideal.
Sem ideologia, sem plano, apenas a do serviço a uma causa. Aqueles, muitos poucos, raríssimos que souberam lidar com os Ditadores com delicadeza, porque são por natureza, da dimensão maior do Homem. Executada a função, entregue a liberdade, revelado o seu sorriso, afastaram-se sabendo que a onda que os moveu já não faz parte da espuma violenta que outros tão sabiamente saberão executar.
«O dia inicial e limpo» de que falava Sophia é a sua melhor memória, a de um Homem muito especial, que soube fazer as escolhas corajosas, apenas por isso, pela coragem do Ser.
Neste dia, um agradecimento muito vivo à memória de um Homem muito especial. Chamava-se Salgueiro Maia.
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