sábado, 18 de abril de 2009

Dia Mundial dos Sítios e dos Monumentos I


O esforço dos Estados deve concentrar-se na dupla tarefa de conservação e da divulgação dos grandes artistas e não no apoio a criadores cuja fama pode durar exactamente quinze minutos. (1)


Hoje, dia 17 de Abril comemora-se o Dia Mundial dos Sítios e dos Monumentos. O património em Portugal, apesar de alguns progressos continua num estado pouco edificante. Num País pobre com uma crise económica e social grave a aposta tem sido as obras do regime. No centro das cidades, na arquitectura, nos interiores de igrejas o panorama é decepcionante. Não temos um investimento público e privado a projectos consistentes que dinamizem a actividade económica. O País na figura de quem o governa não compreende que é nos centros das cidades que se pode realmente dinamizar um verdadeiro investimento público. É esse o nosso património.

O património dos edifícios e das árvores, das bibliotecas e livrarias de bairros, da reconstrução de equipamentos com técnicos que estão a desaparecer ao nível d
o restauro qualificado da madeira, do gesso, da pedra. É o património que nos permitiria dinamizar os centros das cidades, tornado-as espaços animados e não locais vazios e sem alma. É o património dos sabores, da cozinha tradicional, dos produtos qualificados por gerações de saber.
É este o caminho que importa a um País com poucos recursos. O do património que possa oferecer os clássicos da Literatura, a música, a arte aos jovens em escolas que sejam mais do que depósitos de modas educativas onde o futuro está entregue às experiências de uns poucos iluminados.

Considerar investimento público necessário ao desenvolvimento do País a criação de linhas de TGV parece tão inteligente como a aplicação passada nos bens de luxo q
ue empobreceu este País entre o capitalismo comercial do século XVI.
Portugal tem nas cidades indianas de Goa e Damão um rico património que está por apoiar. Das pinturas murais, ao património documental e ao mosteiro de Santa Mónica na antiga capital do Império Português do Oriente muito pode ser feito que permite desenvolver a actividade económica e cultural. As duas podem estar relacionadas. Basta inteligência para as promover.

A soberania dos Países constrói-se tendo em atenção o que os pode desenvolver.
Os grandes países medem-se pela sua capacidade cultural, pela felicidade que conseguem colocar na acção dos seus cidadãos. Não será por acaso que países como a Suécia, a Noruega, a Dinamarca ou a Finlândia não conhecem as maravilhas desse transporte que para a actual classe dirigente parece tão essencial como os solares de uma nobreza falida de outros tempos.





(1) Maria Filomena Mónica,
O Estado e a Cultura
, Seminário Europa e Cultura,
Fundação Calouste Gulbenkian
(Imagens - in, ippar.pt, Fortaleza da Ilha do Pessegueiro e luxurytraveler.com)

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