No fim deste mês de Março, a transcrição de imagens como só ela soube dar, daquela que foi na Biblioteca a nossa autora do mês.
Sophia, simplesmente Sophia, conhecimento, beleza e sensibilidade ao serviço do nosso olhar humano. Sempre com aquele deslumbramento que os antigos gregos deixaram, a eterna curiosidade pela palavra, capaz de organizar um mundo de consciência, de descoberta, mas também de campos de felicidade.
Quando pelo mar andamos, entre o vento e a luz e nos abrigamos em ilhas de luz caiadas de branco são ainda pelos seus olhos de poetisa que caminhamos em palavras fora de qualquer tempo.
Promessa
És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.
Nevoeiro
A minha esperança mora
No vento e nas sereias
É o azul fantástico da aurora
E o lírio das areias.
IV
Sonhei com lúcidos delírios
À luz de um puro amanhecer
Numa planície onde crescem lírios
E há regatos cantantes a correr.
Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia, simplesmente Sophia, conhecimento, beleza e sensibilidade ao serviço do nosso olhar humano. Sempre com aquele deslumbramento que os antigos gregos deixaram, a eterna curiosidade pela palavra, capaz de organizar um mundo de consciência, de descoberta, mas também de campos de felicidade.
Quando pelo mar andamos, entre o vento e a luz e nos abrigamos em ilhas de luz caiadas de branco são ainda pelos seus olhos de poetisa que caminhamos em palavras fora de qualquer tempo.
Promessa
És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.
Nevoeiro
A minha esperança mora
No vento e nas sereias
É o azul fantástico da aurora
E o lírio das areias.
IV
Sonhei com lúcidos delírios
À luz de um puro amanhecer
Numa planície onde crescem lírios
E há regatos cantantes a correr.
Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
1 comentário:
Sophia de Mello Breyner, talvez uma das escritoras que mais me marcou durante a minha infância. Os seus livros infantis, não são mais que histórias que inventava para os filhos, e que mais tarde, resolveu passar para o papel.
Em A Floresta, conta-se a história de Isabel, uma menina de 11 anos que realiza o sonho de se encontrar com um anão e que percebe que, afinal, o espaço onde habitualmente brinca, a floresta, guarda segredos tão grandes como o da actividade de um bando de salteadores e de um tesouro construído com o Mal que se transforma em Bem. Isabel percebe também, com Cláudio (o professor de Música que é também poeta) e com o próprio anão, o veneno que pode ser a riqueza ou o dinheiro, se «se toma em grandes doses.» um veneno que «destrói os espíritos mais fortes».
Um livro que li e reli vezes sem conta, e que me faz voltar aos meus tempos de menina e moça…
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