sábado, 17 de janeiro de 2009

O conflito em Gaza


«(...) ambos são crentes absolutos e intransigentes. de olhar frio e têm para todos os problemas, respostas simples e categóricas» (1)

Vinte dias depois, são mais de mil mortos, trezentos dos quais crianças. Dos feridos nem vale a pena dar conta, os físicos e os de natureza psicológica. O centro humanitário das Nações Unidas destruído, casa em ruínas, escolas arrasadas, famílias destroçadas, sem um abrigo para se poderem proteger.
Em Gaza, o homem demonstrou, mais uma vez, o pior de si próprio. Pouco importa sobre as causas diversas de mais uma tragédia nas areias onde Jesus Cristo apresentou a sua promessa. Acima dos direitos considerados divinos onde uma cultura defende o seu eterno acesso a uma cidade prometida, e outros a conquista de um território por qualquer tradição ou memória, são as vítimas, as inocentes perdas o que mais importa.
É incompreensível pensar e defender que uma religião, ou uma ideologia pode aceder à explicação da diversidade do universo, quando as suas propostas são finitas.
Este conflito é inultrapassável, pois a consciência há muito foi desprezada nos actos violentos cometidos dos dois lados. O País que conseguiu transformar um deserto num jardim insiste na manutenção da miséria, isolamento e pobreza de milhares de pessoas e de sucessivas gerações.
Enquanto as crenças individuais forem o centro deste universo, os valores humanos pouco contarão. E esse é um dos problemas essenciais dos pensamentos únicos - não sabem aceitar a humanidade do Homem, a sua liberdade interior, ou seja o sentido humano da vida. Este só se pode encontrar no seu inconstante, incerto, mas libertador interior de cada um.


(1) - Mario Vargas Llosa, Israel, Palestina, Paz ou Guerra Santa, pág.50

(Imagem retirada do Jornal Informativo - RTP online)

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