terça-feira, 30 de junho de 2009

A Coreografia do Encanto e do Desencontro


Morreu uma mulher que embalava o corpo com uma fantasia única. Foi a grande criadora da dança moderna e fez da expressão da vida uma pintura de encanto. Actuou muitas vezes em Portugal e deu a quem teve o privilégio de ver os seus espectáculos uma oferta de encantamento.

Os seus movimentos foram tão belos que as palavras que aqui poderíamos deixar seriam uma imperfeição. Aqui ficam algumas imagens de uma coreógrafa do corpo, da dança, e da precaridade da vida tão ambiciosa em sonhos, mas tão limitada na eternidade.

Mais uma vez se confirmou que a morte é um imenso insulto à Humanidade. Fica a memória da sua graça. Trouxe-nos a nossa própria dimensão de frente para os olhos, onde nos admirámos do que sabemos ser possível construir e do que inevitavelmente perderemos. Chamava-se Pina Baush e foi uma artista, no melhor sentido da palavra.

(Imagens, in pphp.uol.com.br)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jakson - O Signo de Peter Pan

Não é para nós o artista que nos deixe pelas suas criações em estado de profunda graça ou encantamento. Mas era e ainda o é o Rei da Música Pop. Pela dimensão que obteve merece umas palavras. Essencialmente para compreender não só o fenómeno, mas também este exemplo moderno de como uma sociedade clama por dinheiro e fama, esquecendo o elevado preço a pagar.

Michael Jackson, nasceu em 1958 no Indiana, Estados Unidos da América e foi um de vários irmãos. Com uma voz de anjo e um dom para a música, foi objecto do aproveitamento que o seu pai pretendeu dar à sua imagem. O exagero cometido desde muito jovem nas horas que tinha de ensaiar iriam comprometer para sempre a saúde da futura estrela.

Figura mundial idolatrado por milhões de jovens, levou uma vida de imensa controversa, desde a sua juventude que parece não ter vivido, aos problemas com a justiça, as dívidas, as declarações, as opções com a imagem e a procura de uma eternidade sempre jovem.

Michael Jackson encarnou o mito do Peter Pan, que como sabemos é o arquétipo dos rapazes que nunca crescem. A sua música, à semelhança da história escrita por J.M. Barrie pretende destruir regras, sempre com o encanto de uma criança e com o seu mundo de fantasia. Michael Jackson foi nesse sentido uma criança que nas suas habitações imaginava estar numa Terra sem Memória onde só a imaginação conta.

É um exemplo de como a sociedade contemporânea na orgia pelo dinheiro e pelo sucesso pode criar profundas mágoas e destruir um crescimento saudável. Michael Jackson é um exemplo de como a mais profunda solidão pode matar o ser humano. Afinal acima das músicas, o que sentia este «homem», o que pensava, o que sonhava, o que o incomodava?

Acima da torre de cristal onde não existe realidade a criança vivia em profunda tristeza. O preço da fama e do sucesso nem sempre é muito recomendável. Na sua despedida deste mundo, paz à sua alma.

(Imagem, infografia, in Jornal Sol, 26/06/09)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Entre Sorrisos...


Olho para ele e descubro-lhe uma simpatia nos seus olhos embaraçados de sorriso. Revela-se muito educado, sempre disponível no cumprimento quando o esncontramos. No último ano cresceu, tornou-se mais magro, mais alto. Desloca-se em passos mais curtos, menos alegres, menos enérgicos. Parece já não ter pressa, como se adivinhasse o seu caminho.

Um caminho difícil perante a hesitação dos adultos, o riso e a malandrice parecem condenados às fronteiras de um quotidiano pouco tranquilo. É ainda um jovem, uma criança, mas já evoluiu, tornando-se naquilo que na escola sempre foi. E neste abandono permanece quase o mesmo. É um aluno desinteressado e preguiçoso. A escola não o interessa, não é para ele. Uma espécie de clube ao qual ele não consegue ter acesso. E, no entanto é imensamente educado e retribui-nos regularmente com um sorriso.

E é isto que nos angustia. Um aluno simpático, acolhedor humanamente, mas insensível às linhas, aos cheiros do mar, ao sabor da palavra, à descoberta de novos continentes. Como chegámos aqui e como sair daqui? As receitas mais óbvias não resultam. Se o presente não o interessa, o futuro é uma indiferença genética. Considera-se fora do tempo e os seus dias são feitos de certezas, num presente onde só cabem os dias.

Entre um passado repetido de insucesso e um futuro que não existe, o que faremos entretanto no presente? A escola é irreal. A luz dos sábios, dos pensadores não chega. É ineficiente. Os programas aspiram a pouca realidade e depois há a família. Transportam consigo mais receios que livros, mais desgostos que cadernos, mais incompreensões que vontades. Como trazê-los à luz do Tempo, da civilização do conhecimento? Estão cansados desta prisão e transportam com eles já as linhas dessa fuga.

E aqui estamos numa sociedade que quer duvidar de todos, que pretende colocar em formulários as certezas do saber, o esquecimento dos outros e o carácter como grandeza mensurável. Neste labirinto, aquele esquecido sorriso parece a maior perda, onde também nós fomos esquecendo do valor institucional da escola.

Valor ausente que se entretem no santuário da tecnologia a esquecer a humanidade de cada um, as suas próprias dificuldades, afirmando uma sociedade de «técnicos», de «funcionários» do virtual. Afinal o que faz a escola, o que fazemos nós, a sociedade e o Estado para organizar a sabedoria, a difícil sabedoria, num tempo em que o esforço, é uma arqueologia já sem substância.

Temos em alternativa, a satisfação garantida da ubiquidade, o prazer da facilidade, uma reflexão esquecida do coração. Parecendo muito, é uma ninharia, mesmo para aquele sorriso envergonhado de asas flutuantes...

(Imagem, Mafalda, A Contestatária)

(Pensando naquele aluno e ainda com o livro de Daniel Pennac às voltas na imaginação)

O Pensamento Científico no Século XVII

A História das mentalidades em Portugal passou durante muito tempo pelo estudo, tal como nas estruturas económicas e sociais pela visão do conjunto, das tendências que se criaram. Privilegiou-se muito o colectivo, em detrimento do individual.

Neste sentido as últimas décadas do século XVI foram em muitos contextos apresentados como o fim das oportunidades da cultura portuguesa que pretendia a univrsalidade pelas descobertas. A morte de Pedro Nunes e de Luís Camões matavam as poucas possibilidades de uma cultura científica, que teve de facto dificuldades em se implementar. Mas este quadro não é completamente correcto.

A criação de um espírito científico, iniciada por Copérnico, Galileu e Kepler não foi um esforço exclusivo dos homens que aspiravam numa nova linguagem revelar um mundo acima da cidade dos homens. Os Jesuítas tiveram uma importância assinalável na difusão destas ideias, sobretudo a nível individual.

Dois investigadores portugueses (1) encontraram um manuscrito que nos revela que o padre jesuíta Manuel Dias, apenas três anos depois da sua divulgação, apresentava aos chineses os conhecimentos mais avançados da astronomia ocidental. A ideia de Galileu de que era possível comprovar, em linguagem matemática, que era a Terra que girava à volta do Sol e que a utilização de um telescópio nos permitia chegar à unidade da matéria, está presente nesta achado, que foi impresso por toda a China, a partir do século XVIII.

Este contacto do padre Manuel Dias é tão mais importante, na medida em que por Lisboa, o Tratado da Esfera era uma referência da cosmografia, pois sabemos que no Colégio Jesuíta de santo Antão Giovanni Paolo Lembo ministrava aulas, cujos conhecimentos são os mais antigos apontamentos na construção de telescópios.

Vemos, assim que o século XVII, que foi de tantas tragédias com a União Ibérica, o País continuava a ter um conjunto de pessoas que em diferentes instituições alargava os conhecimentos dessa universalidade no mundo.
A descoberta de uma cidade acima dos homens e a presença em tão diferentes continentes ajudando-os a reconhecerem-se no próprio universo, revela como o pensamento científico existia, mesmo que condicionado muitas vezes pela Coroa.

(1) Projecto desenvolvido por Rui Magone e Henrique Leitão
in, Público, 19/96/2009
(Imagem, 1º Telescópio desenhado por Galileu)

terça-feira, 23 de junho de 2009

A Propósito dos cadernos de Sophia...


«As imagens eram próximas
Como coladas sobre os olhos
O que nos dava um rosto justo e liso
Os gestos circulavam sem choque nem ruído
As estrelas eram maduras como frutos
E os homens eram bons sem dar por isso(...)» (1)

No último post concluímos a apresentação das telas que permitem rever uma viagem, a dos navegadores gregos pelo Mediterrâneo. Foi um projecto desenvolvido por uma turma, 6º C, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Área de Projecto, que nos remete para esse entusiasmo que foi a Grécia. Ela e a sua cultura é um luz imensa pelos contornos que nos lança. Foi o primeiro grande momento em que o conhecimento humano explodiu em cores, possiblidades e formas.

Sophia de quem já aqui falámos, pois ela é na cultura portuguesa e europeia, para não dizer mais, esse oráculo de comunicação entre o homem e os Deuses. Poucos, muito poucos souberam exprimir esse encantamento pelas ilhas de tons azuis e casas brancas, nos portos de descoberta de novos horizontes.

Os cadernos de Sophia, revelam-nos (1) a simplicidade da viagem pelos braços onde os deuses deram corpo às ideias de tantos pensadores. Um dos excertos disponíveis.


«Piso às quatro e meia a terra grega. Entrada maravilhosa à saída de Patras. Vamos rente ao mar entre oliveiras e ciprestes e montanhas azuladas. Calor leve, ar perfumado. As montanhas ligam a terra ao Olimpo. Paramos e vou molhar os pés, as mãos, os braços e a cara no mar. A água é maravilhosa, transparente e fresca. Bebo-a. É muito salgada.

É a paisagem mais maravilhosa que vi na vida. (...) De manhã voltei à Acrópole sozinha. Escrevi Sophia, Setembro de 1963, numa parede do Parténon, na frontaria, à direita numa reentrância. Coisa bárbara e selvagem mas tive de fazer.» (1)

Até 2010 o seu espólio constituído por setenta caixas irá ser entregue pela família à Biblioteca Nacional, podendo ser disfrutado por todos os que admiram a beleza incontida das suas paisagens.

(1) Espólio de Sophia, tornado conhecido pelo Público de 21/06/2009
(Imagem, Pormenor de um Friso do Parténon, in terraatenas.blogspot.com)

«Ulisses» - Uma Viagem pelo Mediterrâneo (Língua Portuguesa/Área de Projecto-6ºC)





domingo, 21 de junho de 2009

Dia Europeu da Música

Ludwig Van Beethoven compõs a Sinfonia nº 9 em Ré menor, Op. 125, também conhecida como Coral, já na parte final da sua vida, e quando a surdez já o importunava. Nascido em Bona, a 16 de Dezembro de 1770, foi um dos expoentes da cultura musical colocando a sua genialidade na produção musical.

A 9ª Sinfonia representa um dos marcos da cultura ocidental pois alarga na sua linguagem o valor da liberdade criativa do homem em todos os seus planos. Pela primeira vez a voz é trabalhada como um instrumento musical, dando-le uma beleza única. Escrita com o apoio de uma texto de Friedrich Schiller tem um coro de solistas que aprofundaram a beleza da sinfonia.

A União Europeia adoptou o último momento «Ode à Alegria». Ma sua importância excede esse facto. O movimento românticvo foi influenciada por ela, considerando-se que mesmo os espaços da música jazz e pop se sentiram influenciadas. O grande valor desta sinfonia reside no seu carácter universal, pois atingiu uma dimensão popular, ao ser tocada em todo o mundo por diferentes orquestras.

Estreada em 1824, ficaria para a posterioridade como um marco cultural de uma civilização, onde as ideias e o valor do indivíduo podem ser criadoras de um mundo de encantamento.
Para ouvir um excerto dessa grande obra, a parte II é clicar aqui.

(Imagem, in geocites.com)