A Europa já não é a pátria da afirmação da liberdade capaz de devolver aos cidadões a esperança que os seus antepassados ajudaram a construir. Imaginando-se um bloco económico e aspirando a um sonho irreal de se constituir uns Estados Unidos da América, a Europa abandonou o pragmatismo de defesa dos direitos concretos dos cidadãos e dos indivíduos.
A Europa preocupa-se imenso, infinitamente com o modo como os castores fazem os seus ninhos, como as focas mergulham no Árctico, mas é incapaz de dicutir com os seus cidadãos a realidade concreta, a vida quotidiana de milhões. É incapaz de pensar o modo de concorrer com a emergência de novas economias, apenas soletrando direitos e raramente os afirmando. A Europa não tem dimensão política e trata a História como uma estranha.
Há alguns meses atrás, observámos que perante a invasão russa da Geórgia a Europa «impôs-se» de forma vigorosa, até ao limite em que conseguiu garantir água quente no conforto das suas casas. Os ideais já não são suportáveis neste tempo de economia política, onde o dinheiro e o interesse económico subjugam tudo o resto. A Europa quer criar um estado político do Atlântico aos Urais e ao Mar Negro mas não sabe defender com energia e com diplomacia os que nesses cantos a leste e a sudoeste querem ter direito aos valores europeus.
A crise no Irão vem confirmar esta incapacidade da Europa. As eleições iranianas são um assunto interno do Irão. Os acontecimentos há muito resvalaram para o palco internacional. A Europa deveria, no campo diplomático mostrar o seu descontentamento pela falta de respeito para com os valores da Humanidade. Nem mesmo quando funcionários de uma embaixada estão ameaçados de serem julgados, a Europa é capaz em unanimidade de prostestar com energia, simplesmente retirando os seus embaixadores.
Entretanto a Europa vive uma crise económica profundísima ao nível do crescimento económico e da sua realidade social. Ouvimos alguma ideia, alguma estratégia da actual e futura Comissão para atenuar as dificuldades, para criar oportunidades de desenvolvimento? Um silêncio que soluça apenas as mais ineficazes banalidades do politicamnete correcto.
O que fez o nosso amado presidente da Comissão Europeia em todo este cenário, além de evidenciar a sua preocupação por ser reeleito? Ao desastre do apoio da invasão ao Iraque, não se nota nenhuma atitude ou ideia para com essa missão da Europa, nem na defesa do seu património civilizacional, nem do seu futuro como sociedade de pessoas.
A decadência da Europa é, antes de mais consequência de lideranças medíocres. Fruto da ideia de que o futuro está conquistado pela genialidade das instituições europeias, que dispensam os próprios cidadãos de ter opinião. Os arranjos políticos nos grandes salões não garantem nem a tranquilidade no presente, nem a manutenção do conforto material. Eles dependem de líderes substantivos que a Europa não pretende ter.
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