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segunda-feira, 17 de maio de 2010

FILIPE LA FÉRIA: 65 ANOS DE VIDA, 47 DE TEATRO


Há sessenta e cinco anos, a 17 de Maio de 1945, nascia uma criança que ficaria, para todo o sempre, ligada à história do teatro português: Filipe La Féria.

Este Senhor das Artes, que em 1963 iniciou a sua actividade teatral como actor, no Teatro Nacional, integrou o elenco de diversas companhias de teatro. O curso de encenação que efectuou em Londres, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, viria a dar enormes frutos.

Foi director, durante 16 anos, do Teatro da Casa da Comédia onde produziu, encenou, desenhou cenários e figurinos das seguintes peças, entre outras:

“Faz tudo, faz tudo, faz tudo!” de Pavel Keoty (com tradução sua)
“A Paixão Segundo Pier Paolo Pasolini” de René Kalisky (com tradução sua)
“A Marquesa de Sade”, de Yoko Michima (com tradução sua)
“Electra ou a queda das Máscaras” de Marguerite Yourcenar (com tradução sua)
“Ubu Rei” de Alfred Jerry (com tradução sua)“Savanah Bay” de Marguerite Yourcenar
“Eva Péron” a partir de Copi
“A Bela Portuguesa “ de Agustina Bessa Luís
“ Noites de Anto” de Mário Cláudio
“A Ilha do Oriente” de Mário Cláudio

Em 1990 escreveu, produziu e encenou “What happened to Madalena Iglésias“ e aceitou o convite como autor, encenador e cenógrafo de “Passa por mim no Rossio”, no Teatro Nacional D. Maria II (1991), encenando posteriormente, no mesmo Teatro, “As Fúrias”, de Agustina Bessa-Luís.

Dirigiu, em Bruxelas, o espectáculo inaugural da Europália (1991), e em Sevilha, o Dia de Portugal na Expo Sevilha ’92.

Reconstruiu o Teatro Politeama (1992) onde viria a produzir e encenar:
“Maldita Cocaína” da sua autoria
“Jasmim ou o Sonho do Cinema” da sua autoria
“Godspel” de John-Michael Tebelak
“Amália” da sua autoria (desenho de cenários e figurinos) considerado o melhor espectáculo do ano.2000
“Maria Callas – Master Class” de Terence McNally (com tradução sua)
“Rosa Tatuada” de Tenesse Williams (com tradução sua)
“A Casa do Lago” de Ernest Thompson
“A Minha Tia e Eu” de Morris Panich (com tradução sua)
“Rainha do Ferro-Velho” de Garçon Kanin
“A Menina do Mar” de Sophia de Mello Breyner Andressen.
“Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll
“A Canção de Lisboa”, baseado no célebre clássico do cinema português de Cotinelli Telmo.
“My Fair Lady” de Alan Jay Lemer e Frederick Loewe (com tradução sua) espectáculo galardoado com o Globo de Ouro para Melhor Espectáculo do Ano e Prémio de tradução
“Música no Coração” de Howard Lindsay e Russel Crouse (com tradução e adaptação sua) Globo de Ouro para o melhor espectáculo do ano 2006
“O Principezinho” de Saint Exupery (tradução e adaptação sua)
“Jesus Cristo Superstar” de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice (com tradução sua)
“West Side Story” guião de Arthur Laurents (com tradução sua)
A partir de Junho de 2007 passou a dirigir a programação do Teatro Rivoli, no Porto, produzindo e encenando “Jesus Cristo Superstar”,
“Música no Coração” e, ainda, “Um Violino no Telhado”.
Para a Televisão produziu, encenou e adaptou, entre outros:
“A Importância de se chamar Ernesto” de Óscar Wilde (com tradução sua)
“Não se paga, não se paga” de Dário Fo (com tradução sua)
“Paris Hotel” de Georg Feydou (com tradução sua)
“Espelho de duas Faces” de Arthur Miller (com tradução sua)
“Grande Noite” da sua autoria
“Cabaret” da sua autoria
“Todos ao Palco” da sua autoria
“Saudades do Futuro” da sua autoria
“Comédias de Ouro” da sua autoria
Gala “Campo Pequeno de Novo em Grande”, num espectáculo da sua autoria, emitido em directo pela RTP1 para celebrar a re - inauguração da Praça de Touros do Campo Pequeno
“Gala das 7 Maravilhas” da sua autoria, para a TVI, com transmissão em directo da Praça do Campo Pequeno, a propósito da cerimónia de eleição das 7 Maravilhas do Mundo a realizar em 2007, em Lisboa.

É autor de todas as canções dos programas de televisão “Grande Noite”, “Cabaret”, “Todos ao Palco”, “O Sonho do Cinema”, incluindo as canções dos musicais “Cabaret”, “Godspel”, “Aplauso”, “Porgy and Bessy”, “Mame”, “Oklahoma”, “Carossel” e as dos mais representativos autores anglo-saxónicos e franceses que fizeram parte dos programas citados.

Na Rádio fez várias traduções para peças e folhetins radiofónicos e foi responsável pelo programa “O Prazer do Teatro” que incluiu várias traduções dos mais conceituados autores da dramaturgia mundial.

Foi premiado várias vezes pela Crítica, Casa da Imprensa, Secretaria de Estado da Cultura e por várias revistas, na qualidade de autor, encenador e cenógrafo.

No décimo aniversário do 25 de Abril, a Associação Portuguesa de Críticos permeou-o como uma das personalidades que mais se destacaram no Teatro.

Foi condecorado Comendador com a Grande Ordem do Infante D. Henrique, por Sua Excelência O Presidente da República, Dr. Mário Soares.

Em 2000 foi premiado como personalidade do ano na área de Teatro, com os Globos de Ouro.

Em 2006 foi condecorado por Sua Excelência O Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, com a Ordem de Grão - Cruz da Ordem do Infante.

Foi condecorado em 2007 com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa.

Parabéns, Filipe La Féria! Obrigado por continuar a dar vida ao Teatro e voz aos artistas portugueses!

terça-feira, 14 de abril de 2009

É Possível a Democracia ... nas Escolas?

A Culturgest dinamiza há cerca de três anos um projecto que se inspira no programa Connections do National Theatre de Londres, onde se procura aliar o Teatro escolar e juvenil às novas formas de representação escrita por autores ainda pouco conhecidos ou divulgados. O Festival Panos que terá a sua conclusão na Culturgest, passará ainda por outros palcos. No próximo sábado no Teatro Viriato de Viseu inicia-se a representação das peças escolhidas pelos diferentes grupos, estando programados outros palcos como em Guimarães, no Centro Vilaflor.

Uma das peças em representação é O Coro dos Maus Alunos, texto de Tiago Rodrigues que nos coloca uma questão muito interessante nos dias que correm.

É possível a Democracia nas actuais instituições, como a Escola? Ou a Democracia, quando vazia de significados e cheia de burocracia é apenas uma formalidade, onde os mais desajeitados, inconformistas e sonhadores não têm capacidade de mostrar as suas reais capacidades?

Será a Escola uma lugar de aprendizagem para se ser melhor cidadão, pensante, capaz de interrogar o mundo ou apenas o ensino se destina a dar respostas cujas perguntas os alunos não fazem, porque não são importantes nem evidentes para a sua geração?

Este é um texto que grupos de teatro amador ligados a escolas secundárias de diferentes zonas do país irão representar. O calendário oficial em Lisboa, ainda não foi publicado. Os interessados neste interessante projecto, podem aceder a partir do seguinte link:


sábado, 28 de março de 2009

E lá Foi Mais Um Dia Mundial...



« (...) Hoje não seremos nós, gente do teatro, striptseauses da verdade poética, quem terá várias caras, que andam fechados os teatros, em ruínas, degradados, em perigo ou já foram demolidos - e poucos espectáculos se farão nesta noite.

Mas haverá almoços, discursos e jantares, debates e inquéritos.

E os hipócritas não seremos nós, que há anos (nós e os antes de nós, tantos) pedimos esmola, atenção, diálogo, intervenção, planificação, política aos políticos, certos que estamos de que o teatro não pode estar sujeito ao mercado, é área de intervenção do Estado, coração da língua, a tal língua que só no palco tem corpo e suor - e às vezes essa coisa única, grgalhadas e lágrimas.

Vamos mais uma vez, fingir que nos amam, que nos respeitam, almoçar, ouvir declarações de amor e pedidos de voto, vamos mais uma vez ouvir dizer que o povo sem teatro não é povo nesta cultura europeia, que faremos mais com menos (...), dar beijos, agradecer e dar abraços, vamos todos fingir. Com a surda raiva de saber que vivemos sempre assim, desprezados, nós os que éramos hipócritas por definição, escolha e parazer, desprezados por quem nada mais quer da palavra do que o silêncio dos outros.

Mas não somos nós os hipócritas originais, os que acreditam na palavra, no seu feitiço - e nela nos enredamos, palavra dos poetas, palavra dos políticos, palavra dos outros que todas as noites tornamos carne nossa - para não mentir à vida?

Como vamos encarar toda essa gente que vive à nossa custa (...) e nos vai vir abraçar, beijar, cumprimentar, prometer coisas que sabem tão bem que à primeira esquina, aliança política ou campanha eleitoral não irão cumprir? (...)

Engolindo para dentro a nossa miséria, a nossa tristeza, calando? Ou herdando o gesto sincero do Zé Povinho, esse rapaz de Bordalo? Pois não está, neste momento, toda a profissão teatral em Portugal a trabalhar de graça, com salários em atraso ou de miséria, por pura incapacidade das autoridades chamadas «culturais», burocratas enredados numa teia de dossiers impraticável e que sobre eles tende a desabar?

Não estamos a trabalhar fiado? E não foi o Zé Povo quem dizia «Queres fiado? Toma!», maravilhoso gesto, bela expressão da língua portuguesa?»


in, Jorge Silva Melo, Jornal Público, Sexta-Feira,
Dia Mundial do Teatro, 27/03/2009