domingo, 28 de dezembro de 2008

Nas Vésperas do Novo Ano


«Era preciso agradecer às flores / Terem guardado em si / Límpida e puramente / Aquela promessa antiga / De uma manhã futura»
(Sophia, No Tempo Dividido, pág. 39)

Sobre as acácias e os alámos. o tempo foi passando. Também em mim, as folhas vão caindo. As cotovias e os tordos voltam aos velhos castanheiros e junto a eles algumas flores persistem, as giestas, jacintos e cravinhos.
Persistem com determinação, juntando-se ao tronco na esperança de resistir a este tempo invernal.
Com o tempo passaram muitos sonhos, os que se pensavam concretizáveis com facilidade e grandeza, afinal produto de uma insanável ingenuidade.
Aqueles que se renderiam à minha imaginação e imortalidade, quando pensava que o mundo poderia ser um campo de flores silvestres. Mundo que todos, com a mesma boa vontade quereríamos mudar. Incansáveis e infinitos, a vida parecia uma eterna Primavera à nossa espera.
No tempo em que o Outono parecia muito longe, em que alguns dos que caíram no caminho, ainda me davam esse sopro de confiança. No tempo em que o horizonte parecia dominado pelos campos de lírios e jacintos e as nascentes de água corriam sem inquietação todas as manhãs.

De facto o tempo passou e o mundo não é o local tão doce como as ondas matinais do mar azul sugeriam, nem todos o pretendem construir com beleza e liberdade. Das certezas cristalinas à precaridade deste tempo onde a temperança e humildade já fazem pouco sentido. Passou o tempo.
Passou a segurança, dos que entrando na noite escura da morte, já não me podem dar com tanto entusiasmo esse sorriso confiante que se concretizava nos gestos diários.
Mais um ano que se aproxima e na velha casa as sombras do castanheiro já não são tão refrescantes.
Olhar para o castanheiro e recomeçar, saber reconstruir, acreditar ainda e lutar que se pode ser determinado perante a injustiça. Acordar em cada dia para conquistar o canto das cotovias e dos melros e alcançar alguns progressos, ainda que parciais.

Recomeçar junto à velha casa, onde a alfazema já rareia e as janelas perderam a vivacidade de outras manhãs. Contar ainda, com os velhos castanheiros que continuaram a abrigar em todas as Primaveras, os sonhos eternos das cotovias.
Ter, ainda, a energia e determinação para continuar a acreditar que para os homens, «as palavras liberdade, humanidade, justiça reencontrarão aqui e ali o sentido que temos tentado dar-lhes», nas sábias palavras de Yourcenar.
Acreditemos com ela que os homens, pelo menos alguns, usarão a sua vida para a construção «dessa intermitente imortalidade». É um sonho, que mesmo numa distante Primavera parece compensador na véspera da chegada de um novo ano, o de dois mil e nove.

Saúde, paz e harmonia na concretização das aspirações de cada um para o ano que se aproxima


Mensagem de Natal (II)





O Nascimento de Jesus, dois mil anos depois

«Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito da verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo. Aquele que vê o fenómeno, quer ver todo o fenómeno. É apenas uma questão de atenção, de sequência e de rigor» (1)

Comemoramos, dois mil anos depois, o nascimento de um mensageiro, de um profeta que nos quis ensinar, revelar que todos os homens são iguais, que a compaixão é um valor absolutamente humano. Ele próprio, incompreendido no seu tempo, estabeleceu os princípios de um nascimento novo. Nasceu no momento único do solstício de Inverno, deixando-nos palavras e tons de luz, e a promessa do descobrimento de uma manhã nova, a do dia branco de esperança no futuro.
Sobre os seus princípios, uma ciência de palavras repetidas fundou uma religião. Todos os anos comemoramos em rituais de cerimónia o dever de num dia sermos especiais e de oferecer presentes. Presentes pouco pessoais, distantes dos valores que procurariam dignificar. O dia e o ambiente em que devemos ser o que muitas vezes não somos, em que uma fraternidade universal adocicada pelo ambiente de luzes, anjos e música nos mostram como participamos solidariamente na vida uns dos outros. Um dia e tão aparentemente.
Dois mil anos depois, na Palestina, morrem pessoas em confronto ainda pela posse de uma promessa e de um território, demasiado longe do que se poderia considerar divino e respeitador dos valores revelados há tanto séculos.
Dois mil anos depois, a ganância e o lucro fácil e imediato regem um reino de interesses onde os agiotas e os seus princípios especulativos se sobrepõem ao trabalho e aos direitos púbicos da comunidade. Dois mil anos depois, o homem parece ter aprendido pouco.
Dois mil anos depois, vivemos num País que se auto-governa sem ideias. Dois milhões de pobres, velhotes esquecidos, a cultura do dinheiro neste tempo tão fraterno, onde não há espaço para a memória. Vivemos na virtualidade de acções e valores. Neste tempo, até o Templo e os que lá negoceiam parecem ameaçar o próprio mensageiro e a sua existência.O privado em detrimento da causa pública, que é a de todos.
Neste tempo de solstício, sonhemos ainda que tal como a Primavera fará renascer os campos e searas, também garantirá que novas gerações, mais lúcidas saibam concretizar o melhor da dimensão humana.
Justamente, «a liberdade e a dignidade do ser», nas palavras iluminadas de Sophia. Concretizar o sentido divino do homem, sem lhe negar a sua humanidade.
É esta uma forma possível de comemorar o nascimento de um homem especial que revelou que o Homem pode-se alargar numa comunidade de boa vontade.
Se o Homem à semelhança do Universo é criado da mesma matéria, da mesma energia concentrada nos átomos, esse entendimento não deveria conduzir-nos a uma mais coerente relação entre o pensamento e a acção?
Desde Cícero, a Marco Aurélio e Adriano, na longínqua civilização romana não eram a Humanidade, a Felicidade e a Liberdade os sonhos nesse futuro que ainda hoje se adivinha tão imperfeito?


(1) Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto (Posfácio, pág. 73)

Mensagem de Natal (I)


Jesus, presente no nosso Natal

« À nossa volta, desde há muito tempo, somos inundados por inúmeras solicitações para comprarmos presentes. Os melhores. Os mais caros. Os mais...
Como se o Natal se reduzisse aos presentes. Presentes caros num País onde a erradicação da pobreza nos havia de mobilizar. Presentes objectivamente inúteis.
De uma inutilidade gritante. Presentes desnecessários. Presentes falsamente tradicionais.
Feitos em série. E vindos de países em que a mão-de-obra barata os aproxima de produtos obtidos em regime de escravatura.
Ontem «não havia lugar para eles na hospedaria» (Lucas 2:7). Hoje, num Natal assim, parece que continua a não haver lugar para Ele. E, afinal, o verdadeiro Natal é o de Jesus. Mais. Ele é o verdadeiro presente do nosso Natal.
E, com Jesus presente na nossa vida, podemos viver a nossa vida como presente. na relação com os outros.
Boas festas de Natal! Com Jesus Presente!»

Padre José Manuel, (Texto retirado do editorial da Revista Lux.,Dezembro de 2008)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O Natal - Poemas do 6º C

Catarina Cipriano
A Lua já está a cantar
Com as estrelas do céu
Estão todas muito felizes
Porque o menino Jesus nasceu

Catarina Ferreira

Os meninos estão a dormir
A Lua já está a brilhar
Os presentes vêm aí
O Pai Natal está a chegar

Ricardo Ganchas
O Pai Natal vem de trenó
E pela chaminé vai descer
Os meninos estão na cama
À espera de o ver aparecer

Joana Isidro
Estão estrelinhas a brilhar
Da cor do meu coração
Há meninos a cantar
A mais bonita canção

Joel Santos
O Natal está a chegar
E os meninos a cantar
Há estrelinhas no ar
Cheias de luz a brilhar

Feliz Ano Novo a todos

O Natal - Os alunos do 6ºC


Texto Colectivo

Vamos iniciar uma época
De grande emoção e magia
Vamos comemora o Natal
Com saúde e alegria

Há luzes por toda a parte
Há casas e ruas a brilhar
As chaminés estão à espera
De ver o pai Natal entrar

Mas há meninos no mundo
Que se encontram a sofrer
Não têm calor, nem carinho...
Nem nada que comer!


E é isto que não se entende
Num momento «de diferentes, mas iguais»

Por que há tantas desigualdades
E tão diferentes Natais?!


Está nas nossas mãos
Olhar para os outros e sorrir
Ajudar os que estão perto

Para o Planeta (re)construir!



Bom Natal

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Noite de Natal de Sophia (Resumo) - João Manuel Correia, Nº4, 5ºB



Era uma vez uma menina chamada Joana que vivia numa grande casa amarela.
Joana não tinha grandes amigos e brinacava sozinha no jardim da sua casa.
Um dia, viu um menino que passava junto à sua casa e pensou logo que podia ser um amigo e começou a conversar com ele.
O menino chamava-se Manuel e passou a ir brincar com Joana todos os dias para o seu jrdim.
A noite de Natal estava quase a chegar e na casa da Joana havia muitas iguarias para se comer nessa noite.
Joana era uma menina muito simpática e gostava muito do seu amigo Manuel. Foi perguntar à cozinheira se ele também iria receber muitas prendas pelo Natal, mas esta disse logo que não. Ele era pobre, tinha a pobreza.
Na noite de Natal a Joana recebeu muitas prendas: uma boneca, um livro, aguarelas e uma bola. Pensando no Natal do Manuel não consequia dormir nessa noite.
Resolveu sair de casa. Todos tinham ido à missa do galo. Queria dar os seus presentes ao Manuel, para que ele recebesse prendas no Natal.
Não sabia exactamente onde era a casa do Manuel. No caminho encontrou os três Reis Magos que iam para casa do Manuel, guiados por uma estrela.
Quando lá chegaram o Manuel estava a dormir aquecido pelo bafo de um burro e de uma vaca.
Joana ajoalhou-se e colocou junto a ele os seus presentes, pois estava a viver o Natal de uma forma muito intensa.


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Os Direitos do Homem são o património cultural da Humanidade. Aquilo que poderá permitir construir a sociedade humana com mais dignidade, colocando a razão e a consciência acima da força e dos privilégios particulares. O vídeo abaixo explicita de forma inteligente e brilhante o que os direitos humanos poderão permitir constuir - uma humanidade mais ligada à verdadeira dimensão do homem. Demorará muito, certamente, mas vale a pena fazer parte dessa experiência secular.